Volta às aulas do meu filho que foi adotado

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Quando pensamos no vocábulo escola, geralmente imaginamos um estabelecimento de ensino onde há projetos, planejamentos, professores capacitados que irão construir os conhecimentos que serão adquiridos numa determinada sequência. É o momento da aprendizagem formal.

A aprendizagem informal acontece na escola da vida, ou seja, na família, na sociedade onde se vive, na rua, pela mídia, enfim continuamente, dependendo da percepção de cada um, seja criança, jovem  ou adulto.

No que diz respeito ‘a socialização de uma criança adotada com pouca idade, a adaptação escolar seguirá os passos comuns de qualquer criança; os pais poderão escolher uma escola de sua preferência. Se chegar maiorzinho deverão analisar a situação com muita calma.

Qual a melhor escola? Para Araujo (p. 71) “Ao escolherem a melhor escola para seu filho, os pais devem optar por aquela cujo método de ensino seja compatível com a educação que é dada em casa. Esta escolha repercutirá no resto da vida dele”. Realmente, a escola é um marco na vida das pessoas.

Segundo Mora, (p. 452), “A escolha de uma escola deve ser feita com o olhar atento às características de cada criança: ela será feliz no ambiente que a instituição escolhida oferece? Ela vai se sentir à vontade? Encontrará um ambiente no qual poderá desenvolver suas vocações e seus desejos?”.

No caso da adoção de uma criança maior, os pais devem ficar atentos para a escolha da escola.

1-Qual o nível de maturidade deste filho?

2-Já frequentava alguma escola?

3-De que nível?

Muitos pais sonham com a matrícula do filho em determinada escola de referência de sua comunidade.Acontece que ali estão crianças que já possuem um bom vocabulário, já viajaram, tem conhecimento de língua estrangeira. Como a criança adotiva,com defasagem social ficará?

Será excluída? Será objeto de curiosidade? Sua autoestima se comprometerá. Ela ainda está insegura na sua posição de filho e ainda terá que enfrentar esta situação escolar.

Qual a solução?

Consolidar a adaptação na família, frequentar uma escola pequena que o entenda e o ajude nesta nova situação.Há casos de adoção de um segundo filho.O primeiro já está  integrado na escola e adaptado. O segundo tem defasagem. Como fazer? Conversar com escola e ter bom senso em resolver a situação.

A família e escola deverão estar unidas. Os pais devem frequentar as reuniões ,buscarem informações e dialogarem continuamente com os professores.Com isso o rendimento escolar tende a se fortalecer.

A família é a maior escola informal para nossa vida. Nela aprendemos amar e onde iremos aprender os modelos comportamentais que levaremos vida afora. Ali, a criança que chega por adoção, construirá sua personalidade, seu caráter e aprenderá a viver. Há a absorção  dos papéis de pai, mãe, o que é ser marido ou esposa, além da influência dos tios, primos, avós, vizinhos.

A criança adotada com mais idade precisará de muitos estímulos. Precisamos lhe apresentar o mundo, levar ao teatro, cinema, museus, mercados, feiras, enfim, integrá-la no meio que viverá. Desenvolver seu vocabulário e ter muita paciência pois as coisas acontecem lentamente.

A criança adotada mais crescida poderá vir com algumas dificuldades, sejam de maturidade ou cognitivas. Algumas instituições tem convênios com escolas públicas ou privadas. Se de imediato entram numa escola elitizada demonstrarão um vocabulário empobrecido frente aos colegas, que já fizeram viagens e tem conhecimentos de língua estrangeira. Este novo filho corre o risco de ser excluído ou diminuído frente ao grupo. Os pais devem ter bom senso e primeiro consolidar a adaptação na família, fortalecendo-o . Depois mudará o endereço escolar se o desejar.

D’Andrea (p. 81) comenta que: “Um outro ambiente em que a diversidade da experiência adotiva é vivida é o escolar, e pode ser uma experiência em que a criança é integrada ou marginalizada”.

Muitos professores não adquiriram conhecimentos sobre adoção na sua formação acadêmica e se surpreendem quando o aluno revela sua origem. Há momentos em que passam achar que certas situações que acontecem com todos alunos, para aquele especificamente, é devido a adoção.

O papel da escola é trabalhar as diferenças, mas sem fazer diferença entre os alunos. Há professores que ficam “penalizados” ao saber que o aluno é adotivo. Raça, estrutura familiar, credos devem ser respeitados e as crianças não devem ser superprotegidas ou rejeitadas por terem passado pela adoção. Entre os alunos, seus colegas, é difícil encontrar rejeição.

Nos livros didáticos pouco encontramos a respeito da adoção. Há muitos momentos oportunos em que o tema poderia entrar. O ambiente escolar é onde se encontram jovens de diferentes classes sociais, etnias e é o local adequado para reformular conceitos, relações humanas. É uma oportunidade dos professores aprenderem lidar com a diversidade.

Outra a situação comum acontece até que os pais recebam a adoção definitiva do filho: a criança só poderá usar o nome patronímico (nome da família) dos novos pais depois de terminado o processo adotivo. No período de guarda manterá o nome que consta no seu antigo registro de nascimento. Isso pode gerar dificuldades escolares para os novos pais e para o filho, pois o sobrenome antigo será usado. Quando mudar o sobrenome terá que reconstruir sua identidade além de ser alvo de curiosidade dos colegas.

Os pais devem procurar fazer um acordo com a escola solicitando que, ao menos oralmente, não usem o antigo sobrenome. Ainda, a criança, se estiver em fase de alfabetização, terá que aprender grafar seu antigo sobrenome, dificuldade encontrada em muitos casos.

Há casos em que as mâes, mesmo estando em “ Licença Maternidade” coloca o filho que acaba de chegar numa escola de período integral. Sai da Instituição onde vivia “ fechado” e vai para outro lugar onde ficará o dia todo. O início da vida familiar exige dedicação dos pais.

Sugestões de trabalho para os professores:

  1. Há escolas que costumam pedir foto da mãe grávida. É quando há alunos adotivos? Substituir por desenho ou figura de MULHER GRÁVIDA.
  2. Ou solicitam foto pessoal dos alunos de quando eram bebês. Fazer um trabalho sobre os bebês em geral-com recortes de figuras.

 

Sugestão aos pais sobre o pedido de fotos: imprimam algum bebê na internet que lembre seu filho e está solucionado. Se pedirem foto da mãe grávida; imprimam uma grávida qualquer e troque o rosto dela pelo seu… pronto! Isso deverá ser acordado com o filho que já sabe que foi adotado.

  1. Dia das Mães ou dos pais: trabalhar o papel do pai e da mãe em geral, sem se fixar nos pais dos alunos. Dia de agradecer pela vida recebida. Estas datas comemorativas deveriam ser substituídas pelo DIA DA FAMÍLIA. Nem sempre os pais podem comparecer nas festas devido o trabalho. Há filhos de pais separados também. Nas escolas públicas há muitos alunos das instituições. Tudo fica difícil para estas crianças que se conscientizam, mais e mais, de sua situação de exclusão.
  2. Mostrar ao aluno que há outras formas de famílias: crianças sem pai ou sem mãe, devido viuvez, separação conjugal, internamento por HIV, prisão, havendo pessoas que passarão a cuidar das crianças exercendo o papel do ausente. Podem ser os avós, padrinhos ou o Estado na questão da institucionalização. O importante é aprender viver com a diversidade.
  3. Datas comemorativas: aproveitar o dia 25 de maio, “Dia Nacional da adoção”, dia 7 de setembro que é Dia da Mãe Pátria, e outras, sempre fazendo ligações com a vida real dos alunos.
  4. Tipos atuais de famílias – com novos casamentos ou uniões onde serão adotados os filhos existentes de outras uniões. Discutir isso.

Bibliografia:

Araujo,C.A-(2005)-“Pais que educam:uma aventura inesquecível”-Sp-Gente

Mora,E-Psicopedagogia infanto-adolescente”Grupo Cultural.

Pauliv de Souza-(2014)-“Adoção e a preparação dos pretendentes”-PR-Juruá.



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