Escola para meu filho

Ao adotarmos uma  criança ou adolescente que se torna FILHO desejamos que seja feliz conosco e quer lhe proporcionemos meios  para construir sua vida.

Além do nosso papel de pais sabemos a importância da ESCOLA em sua vida. A escolha deste  local é muito importante. O que faço? Meu filho chegou crescido e já frequenta um colégio conveniado com a Instituição de Acolhimento onde vive.

Há muitas questões para pensarmos. A adoção foi na mesma cidade?  A escola fica longe ou próxima de minha residência? Ele está  satisfeito? Que época do ano letivo ele se encontra? Os valores passados por esta escola me satisfazem? Seu rendimento escolar como está? É respeitado? Está feliz?

Temos que ver se este filho ainda é pequeno ou se está em série alta. Se  pretende mudar será melhor fazê-lo em período de recesso, de férias. Conversar, explicar, afinal estará mudando da Instituição para uma família e a escola será mais uma referência que terá que perder. Uma escola semelhante a anterior é o ideal.

A escola que os pais desejam  apresentam melhores oportunidades para ele? Já a visitaram? Entenderam como será recebido, sem pré-julgamentos? A idade cronológica do seu filho acompanha  a dos demais alunos da série em que se encontra ? A classe social desta escola é compatível com a sua?

A escola fará parte de sua biografia, é um espaço onde as crianças se expõem, se socializam, se mostram  tanto nas suas possibilidades como nas dificuldades cognitivas ,sociais e emocionais. Se algo não vai bem em casa, a escola perceberá.

Há pais que conversam com a equipe pedagógica buscando compreensão para as possíveis atitudes do filho, lhes explicando sua origem, sem no entanto contar os “ mínimos detalhes” de seu histórico para evitar preconceitos. Evitar que seja exposto à curiosidade dos colegas e seus familiares e ainda não ser foca de  “ compaixão” ,ser o coitadinho da escola.

Nas escolas estão matriculados filhos  consanguíneos, adotados, os que tem só mãe, só pai, dois pais ou duas mães ,vivem com demais  familiares e deverão ser igualmente acolhidos e respeitados. Por isso sugerimos que  o Dia das Mães e o Dia dos Pais seja trocado pelo “ Dia da Família”.

Os professores raramente  estudam o tema “ adoção” nos seus cursos de formação. Por isso a escola deveria, em suas reuniões pedagógicas,  trazerem o assunto à baila para que estes mestres percebam  a necessidade de conhecer a história de seus alunos extra muro. São muitas realidades dentro de uma sala de aula.

Há professores que associam dificuldades escolares e comportamentais á adoção. A  maior parte de suas turmas são de filhos consanguíneos e tem dificuldades, as mesmas dos adotivos,  mas não são rotulados. Pelo contrário,  há professores que se tornam grandes aliados às famílias, ajudando-as nas percepções observadas nas crianças.

Por outro lado há pais que ocultam a adoção por medo da exclusão e preconceitos. Será mais tranquilo existir uma conversa aberta e se aliarem na construção de vida saudável deste aluno.

Para Antonella e Lorenzo

Para Antonella e Lorenzo

 

As mãos que projetam espaços são as mesmas que os abraçaram quando
da sua chegada.
As mesmas mãos que transformam. O amor cresce em uma curva ascendente, onde não existe uma escala que o meça.
Tudo se adapta, são recriados novos espaços nunca antes imaginados….o Tempo se desdobra…..o mesmo Tempo de antes se multiplica pois nele
exercemos nossa profissão, preparamos suas refeições, cuidamos de seu
banho…do seu corpo. O Tempo se dilata ainda mais quando adoecem….Tempo para o Pronto Socorro, Pediatra, Farmácias,
Vacinas….acordar motivado pela madrugada, tirar a temperatura e para
lhes ministrar a medicação.
Aprendemos….eu e vocês a lidar com as emoções….um conhecimento
contínuo….pois trazem dentro de vocês heranças desconhecidas e a
sabedoria está em identificar e respeitar seus limites, ansiedades e
necessidades. De um lado eu sedento para que se torne minha imagem,
tirando de mim o meu melhor e vocês de outro…..prontos para receber
ensinamentos de uma VIDA. E aí está a magia, respeitar, aceitar e
compreender a personalidade, o indivíduo e mostrar a vocês os caminhos.

Crianças como vocês são hábeis, astutas e com uma percepção
incrível…aprende e capta pelos exemplos. Tenho orgulho de vocês pois
estão absorvendo a herança que herdei de meus pais: respeito, carinho,
honestidade e ser pincipalmente verdadeiro….moedas que não têm troca
e estão guardando-as para si…..e o melhor: se superando.
Estar ao lado de vocês é uma emoção sem tamanho pois vocês
despertaram em mim qualidades que não sabia que pudesse ter: o
exercício diário da paciência, ensinar sem restrições mas com cautela,
controlar minhas emoções, chorar com vocês quando adoecem e também
quando fazem apresentações do Dia das Mães na Escola. Até esta honrada
menção recebi de vocês….ser chamado de Mamãe Lu, não com significado
feminino….mas aquele que cuida, zela, ensina, dá suporte e respeita suas
escolhas.
Trazem com vocês uma luz e uma missão mais que importante: o exercício
diário do conhecimento aplicado ao ser humano, respeito….e a me
mostrar o que posso fazer de melhor não só para vocês meus filhos….mas
para meus semelhantes.
Mostraram a mim que desta vida a futilidade e o ego estão em último
plano….e o que mais importa são os valores que tenho a lapidar todos os
dias e transformá-los em energia para lhes alimentar.
A simplicidade de um olhar, um gesto, uma palavra bem colocada, um
abraço apertado, um beijo estalado.
Vocês não são uma companhia que carrega meu sobrenome….são o meu exemplo que acalantará outros corações, amará outros semelhantes e
recriará outras vidas, às quais levarás meus exemplos como sua marca e
personalização, a minha esperança de um mundo melhor, pois sei que em
vocês existe o poder da multiplicação.
Mudaram meu entorno, minha vida física e emocional, mostraram minha
melhor performance….antes adormecida em estado de letargia onde o
profissional me satisfazia. Antes eu ensinava Arquitetura para meus
alunos….agora….tenho condições de ensinar uma VIDA para vocês, que
bênção!!!
Proporcionaram a mim a chance de dar a vocês o que é mais sagrado para
mim: uma família.
Vocês me completam. Meu objetivo é vê-los transformando o MUNDO ao
seu redor e por onde passar deixar: amor, compreensão e sabedoria.
Por mais que muitos afirmassem que seriam problemas e que eu não
deveria me comprometer a criar filhos dos “outros”……eu ao contrário,
tinha certeza que trazem dentro de vocês a semente do bem. Esta
semente sempre esteve aí dentro de seus corações e coube a mim regálas todos os dias com a mais profunda fé de dias de GLÒRIA. Não me canso
de senti-la com orgulho.
Filhos de uma espera longa e desejada….mas que valeu a pena cada dia,
cada mês, cada ano que se passou a sua espera.
O mais importante: são LIVRES….deixo bem claro que a minha missão é
torná-los cidadãos honrados e preparados para uma vida…..eu sou só o
instrumento para seu crescimento.
Amo demais vocês……Antonella minha filha e Lorenzo meu filho como
amo a mim e como seus avós me amaram.

Luiz Maganhoto

P.S Gostaria de registrar o meu profundo agradecimento ao Dr. Sérgio
Kreus, à Dra. Lídia Munhoz Mattos Guedes e á querida Hália Pauliv
exemplo de seres humanos ímpares e não diferente meu companheiro
Daniel Casagrande parceiro desta vida que juntos lutamos pelo bem dos
nossos filhos.

Adoção e sexualidade.

Com muita alegria  temos mais um título disponível feito com muito compromisso para tentar ajudar na educação de nossas crianças.

Falar de sexo e sexualidade sempre foi um tema dito com voz baixa, com meias palavras ou então servindo para piadinhas e malícia. Isso precisa mudar.

A sexualidade é uma energia vital. Está em nós. Faz parte de nós de forma variada durante nosso desenvolvimento. Nos motiva a viver, influencia nossos comportamentos e valores, nossa saúde física e emocional.

No início de vida se manifestará de uma forma , iremos fazendo registros inconscientes  até chegarmos a vida adulta e a exercitarmos de forma plena e saudável.

Sexo é a percepção de si mesmo. O que sou? O que sinto?  Muito se usa a palavra sexo para expressar os órgãos  genitais ou uma atividade sexual, um coito. Por que isso? Simplesmente por falta de conhecimentos e o tema vai se incorporando sem se buscar maiores informações.

Neste pequeno compêndio tentamos mostrar a importancia do afeto e valores de vida ligados `a sexualidade para ajudar pais e educadores na sua missão  educativa. Educação real, sem malicia.

Quem sabe os adultos, com sua leitura poderão reciclar seus conhecimentos e encarar o tema sexual com naturalidade. Por que falar de pulmões, fígado é normal e falar de vulva ou pênis  constrange? Tudo faz parte da gente ! Tudo necessário para nossa vida!

 

No texto encontraremos  brincadeiras que as crianças fazem, nos abrigos e em casa, temos orientações de como tratar ocorrências corporais como nascimento de pelos púbicos ou uma ereção. Tudo simples e verdadeiro. É só conferir. O   disponível em www.jurua.com.br.–(41)-4009-3909

RASCUNHOS DO NOSSO FUTURO

Autor: Sérgio Degrande Júnior (professor, jornalista e cronista- mora hoje em Ribeirão Peto, São Paulo)

 

Uma frase de Chaplin me provoca: “enquanto sonhamos, fazemos um rascunho do nosso futuro”. Se você um dia sonhou ter filhos, mesmo que não fossem biológicos, certamente já rascunhou um futuro diferente. Filho não significa apenas continuidade. Longe disso, há cumplicidade, perguntas sem respostas, respostas sem perguntas. Filho é uma construção de portais, estradas e destinos. Engana-se quem acredita que os filhos são apenas alegrias, felicidade e encantamento. Filho que é filho traz receita complicada na composição. Alterna humor, briga pelo espaço, dá trabalho, anoitece e amanhece. Mas filho vem com uma cobertura de docilidade de vida, de entusiasmo, de entrega, de companheirismo. O segredo está no sorriso, no abraço, no acolhimento. Filho sem acolhimento é flor sem perfume. 

A pandemia isolou as pessoas, mudou as placas, misturou os conceitos, entronou o medo. Exatamente por isso, muita gente abandonou a trajetória, pensou duas vezes, trancou a porta. Eu me lembro quando visitava os abrigos em Curitiba com minha mulher. Queríamos levar todas as crianças para casa. Era impossível. Fico hoje pensando naquelas pessoas. Como estão? Conseguiram um lar? Imagino mais ainda, com essa pandemia, quantos ficaram olhando a janela, sonhando e rascunhando o futuro? 

Quem pode mudar o curso da história? Quem pode abrir os braços e acolher? Quem pode entender que o amanhã é agora e não há tempo para aqueles que esperam o rascunho acabar? Cada criança a ser adotada precisa de um coração que pulsa a entrega e o desejo. Se a vida foi um açoite para elas, agora é pluma. Não há alternativa. Isso é ser céu, isso é ser eternidade. 

O apelo do amor é singelo e franco. Não permite questionamentos ou materialismo. Tudo é combinado com as estrelas, juramentado pelo sol e do verbo faz-se a vida. Não cabe espera, não cabe senões. Espero que cada narrativa tenha o seu enredo consagrado. Minha felicidade é saber que a felicidade não se esgota, ao contrário, renasce sempre e tanto.

Adoção por pessoas com idade mais avançada.

Muitas pessoas ou casais buscam a adoção e já se encontram em idade mais avançada.

A LEI não prevê um limite máximo para a adoção, apenas a mínima que é de 18 anos  tendo uma diferença de 16 anos entre adotante e adotado. Nos países europeus existe essa referência do limite máximos para  adoção de filhos com determinada idade dos adotantes.

 Na Itália por exemplo ,a futura mãe de 47 anos  e futuro pai de 56,o casal só poderá adotar  uma criança com mais de 2 anos, ou ainda, uma mãe de 54 e pai de 63,poderão adotar um filho com 8 anos. No Brasil ainda não existe estudo, pesquisa ou bibliografia específica sobre esta questão.

Estas pessoas com mais idade tem seus sonhos  e talvez maturidade e experiência. Mas ,nestes casos será preciso considerar algumas questões ,por exemplo:

  • Idade – muitos já tem filhos adultos , até  netos e sentem  o “ninho vazio”. A sua motivação será reviver a fase de pais ? Voltar aos 30 anos ? Carência afetiva? Os técnicos avaliarão.
  • Saúde-a idade nos fragiliza. Atualmente a longevidade  está presente mas precisamos observar como está o coração?  Os aneurismas invisíveis, a pressão arterial e outros males que ainda estão adormecidos . A vida mais vivida tem suas limitações.
  • Visão social da mulher com mais idade é de cuidadora dos netos. Poderá estar entrando na climatério ( menopausa),ter impaciência, ansiedade e ter que lidar com crianças ou adolescentes irrequietos , ágeis e marido aposentado?

No seu novo exercício de “ avosidade” será solicitada para ajudar estes filhos nas suas lições escolares de casa e está tudo diferente. A escola é outra. Novas formas de resolver questões matemáticas, as vídeo-aulas e outras modernidades que não são de seu tempo. Terá que buscar uma atualização muito rápida.

  • Pais -Psicologicamente estes pais  terão que se preparar para a educação moderna e saber enfrentar as dores do filho: rejeição e abandono. Alguns  poderão estar  com autoestima abalada por não terem “ seus” filhos e estas cicatrizes emocionais não são curadas com a vinda de um novo filho.
  • Desencontro de gerações—isso certamente acontecerá.
  • Projetar o futuro— dez ,quinze ou vinte anos seguintes  quantos anos teremos? Que idade meu filho terá? Se acontecer alguma ocorrência com esses  pais quem  irá atender estas crianças ou adolescentes?
  • Papel dos pais-Normalmente os pais criam os filhos até que estes atinjam a idade adulta. Dependendo da idade e saúde dos adotantes isto será possível?
  • A família extensa ( tios ,cunhados, filhos adultos existentes) aceitará estas crianças se ocorrer algo? Estão preparados para esta adoção involuntária?
  • Bens materiais -Se estes adotantes  já tem filhos , muitos até adultos, aceitarão estes novos irmãos ? Se a família possui bens materiais estes filhos existentes aceitarão dividir os bens com o novo membro que está chegando?
  • Rotina alterada—os adotantes mais idosos já tem sua rotina de vida estabelecida.Com a vinda de um novo filho terão novos compromissos e limitações. A liberdade diminuída, agenda dos filhos, agitação.
  • Brincar – os filhos precisam brincar para se desenvolverem. Os pais deverão ensiná-los andar de bicicleta , por exemplo, mas tem a coluna vertebral está reclamando; pai engatinhando com o filho nas costas, ler historinhas, fazer companhia para o jogo da memória, quebra-cabeça e muitos outros.
  • E a escola? –  Pais com mais idade  são vistos como “avós” nas reuniões escolares. Este filho sentirá constrangimento quando os amigos o questionarem “ você mora com seus avós”?
  • Aceitação—este filho deseja pais mais envelhecidos?
  • Avós desistentes –As crianças que são acolhidas , antes de serem encaminhadas para adoção, geralmente a família extensa de origem será convidada a aceitar esta criança. Muitas vezes estes “ parentes” não desejam assumir este compromisso mas como estão lidando com a Justiça, se aquietam e aceitam esse papel de família biológica pois são os avós deste ser. A criança cresce, desafia, irrita e acabam sendo devolvidas para o Judiciário. Perderá a oportunidade de ser adotada pois estará mais crescida e com sua biografia com histórico complicado. 
  • Destituição do Poder Familiar—os adotantes ( idosos ou não) que não conseguirem  permanecer com este filho adotivo serão considerados “desistentes” e  a criança terá sua segunda Destituição do Poder Familiar. É justo? Atualmente existe a possibilidade de indenização  para esta criança ou adolescente.

Para se evitar situações desgastantes, os processos de análise dos pretendentes à adoção devem ser cuidadosamente estudados, com muitas entrevistas dos futuros pais. Observar a real motivação e possibilidades de assumirem o protagonismo de sua futura vida. Indicar uma terapia individual ou de casal para  esclarecer  o real desejo e possibilidades.

Violência não! Eduque seus filhos para o amor e respeito.

Violência é provocar constrangimento físico ou moral com uso de força ou coação. É violar o outro, seja criança, jovem ou adulto causando temor existencial por meio de crueldades e maldades . Prejudicará a integridade corporal, saúde, causa danos psicológicos e por vezes submissão da vítima.

A violência poderá ocorrer de forma intrafamiliar ou social (mídia, exclusão escolar e meio onde vive).A mídia explora o assunto de forma exaustiva e detalhada, até fornecendo “ ideias e sugestões” . A violência deixa marcas para toda vida com visibilidade somática, psicológica e afetiva.

Atualmente fala-se muito em “ feminicídio” e violências de todas as formas: morte, agressões físicas, espancamentos, cárcere privado entre outros, sejam contra mulheres ou  crianças.

Existem crimes clandestinos onde as vítimas hesitam em informar por insegurança, desconhecimento das Leis, descrédito do sistema judicial e medo, como no caso de estupro.

A violência sexual se refere a uma série de atos que englobam condutas aparentemente insignificantes até praticas sexuais sem consentimento e atos humilhantes e danosos. É frequente numa situação inesperada, cenário solitário por agressores conhecidos ou estranhos e em qualquer classe social e luga .  Poderá ser um ato sexual ou tentativa de consuma , comentários inoportunos, insinuações não desejadas.

O assédio geralmente não tem testemunhas ou provas , é palavra contra palavra e o efeito é a ansiedade, estresse, depressão, baixa-autoestima, queda de produtividade escolar ou profissional.

 

Eduque seus filhos para esta situação.

Os pais deverão  lembrar que eles próprios são os grandes modelos educacionais. Com eles os filhos aprenderão comportamentos, atitudes e forma de viver. O menino saberá o que é ser homem vendo o pai que  também será modelo  do que é ser  marido. A mãe será o modelo do que é ser mulher e esposa.

Ao mesmo tempo estes pais poderão ser modelos negativos fazendo com que os filhos na sua vida futura tenham comportamentos diferentes dos que viveram .

Os pais deverão dar independência aos filhos , mas independência orientada. Ensinar ter cuidados com as abordagens feitas por estranhos, aprender observar, cuidar com propostas ou “ cantadas”. Poderão receber promessas de presentes , vantagens ou ameaças se revelarem  o que se passa aos pais ou responsáveis.

Desde a infância os pais deverão ser o “ porto seguro” para seus filhos. Ter um diálogo franco e aberto ,sem intimidações. Ouvir muito.

Construir com os filhos uma série de valores como respeito, amizade, amor, companheirismo, cumplicidade, responsabilidade e compromisso consigo e com o outro. Para que estes valores se incorporem e se solidifiquem será importante o seu exemplo pessoal.

Educar sei filhos “ meninos” para se tornarem homens dignos e respeitadores e não simples “ machos”.As meninas devem ser educadas para saberem se proteger e denunciarem  os perigos sentidos. Meninos e meninas são vítimas da violência independência de sua condição.

Os pais devem planejar juntos a forma de educar. Cada um traz uma bagagem educacional de suas famílias pessoais e juntos deverão ajustar  um modelo. A criança ou o jovem ficará desnorteado se os pais divergirem.

Nos modelos familiares poderá também acontecer violência contra idosos que para muitos passam a ser uma carga. O filho observará como seus avós são tratados  fato que poderá ser repetido com eles próprios. O respeito, o carinho ,a atenção vale para todas idades e situações.

Violência não!

De onde eu vim? Da barriga ou do coração?

A metáfora “filho do coração” usada por muitas famílias sempre me incomodou. Motivo: fui professora de Ciências Biológicas e lecionava conteúdos de anatomia humana. Estudávamos a circulação, a reprodução entre outros temas.

Sabemos que o coração é um maravilhoso órgão que bombeia o sangue e que os bebês se desenvolvem no  útero das mulheres. Por isso não conseguia aceitar que um filho nasce num coração. Buscava entender isso, entender o motivo de não falarem em sentimentos. 

Nos tempos antigos os pais apresentavam os filhos que chegavam como “ peguei para criar”. Com o passar do tempo essa terminologia foi caindo. Talvez por  um preconceito interno ,os pais não desejavam falar em adoção ou não sabiam  como informar isso aos filhos e familiares. Talvez esteja aí a origem desta metáfora.

O desejo da adoção nasce no cérebro dos pais. Este órgão comanda tudo no nosso corpo, seja a fisiologia como nos sentimentos. Há nele uma região chamada “ lobo frontal” ,sob a nossa testa, onde fica situada a função das emoções, pensamento, raciocínio, planejamento. No lobo temporal estão nossas memórias e comportamentos vividos pelos pais e pelo filho na sua vida pregressa. Então o filho que nos chega pela adoção é “ filho do cérebro” ? Não. No cérebro nos decidimos sermos pais.

Todo filho é filho biológico. Fato inegável  !  Aquele que nasce e permanece na família onde nasceu é filho consanguíneo ou genético e o que muda de família é o nosso filho afetivo ou adotivo. Terminado o processo adotivo ele será FILHO e ponto final. Se alguém questionar sua origem, fale simplesmente que ele passou por um processo jurídico de filiação e agora é  “meu FILHO”.

Nos cursos presenciais de preparação para adoção  ouvi muitas histórias narradas por estes pais que estavam se preparando para uma segunda adoção. Uma das mães nos narrou que quando o filho estava frequentando a turma de educação infantil e estudavam a família , ele mencionou que era filho do coração. As demais crianças da turma choraram pois sabiam que tinham nascido da barriga de suas mamães e ali tinha cocô. Queriam também ter nascido do coração. Imaginem o aperto da professora que não sabia o que fazer.

Outra mãe, professora, num primeiro dia de aula de ensino médio, fez uma dinâmica de apresentação para conhecer seus novos alunos que tinham por volta de 15 anos de idade. Uma jovem disse seu nome e que era filha do coração. Um colega de turma, maroto, riu e disse “ Ah é…eu sou filho do fígado”. Constrangimento total.

Mais uma historinha : um pai tinha feito uma cirurgia cardíaca e ficou com grande cicatriz em seu peito. O filho insistia em dizer que tinha nascido do coração do pai. Este pai foi chamado na escola para esclarecer o assunto .

Nas redes sociais ,de quando em quando, as pessoas postam que entraram com pedido de adoção  e ilustram com uma imagem de tronco de mulher com um feto no peito, escrevendo  que “ estou grávida no coração”. Que confusão ! Melhor dizer que está numa gestação adotiva.

Tendo em vista estas questões, sempre pensava numa forma de ajudar as pessoas, particularmente as crianças e jovens entenderem que a expressão “ filho do coração” significa um gesto de amor e carinho.

Por anos desejava sinalizar uma solução e nasceu a ideia de um livreto com frases curtas e desenhos explicando isso. Construí um pequeno livreto, sem cor, para que a criança ou os jovens  terem uma rápida leitura, poderem colorir e até completarem  as ilustrações. O título é : “ Adoção: de onde eu vim ? Da barriga ou do coração? Veja sua capa aqui no site em “ publicações”.

Está disponível em www,jurua.com.br e desejo que seja compreendido ao que se propõe.

Filho do coração significa que é amado.

Filho do coração é receber  carinho !

Filho do coração é ser cuidado!

Filho do coração é ser acolhido do jeito que é !

Todo filho consanguíneo deverá ser também  filho do coração.

Todos queremos ser “filhos do coração” ,amados, acolhidos mas entendendo que significa sentimentos e não origem .

DESENVOLVER A ATITUDE ADOTIVA

DESENVOLVER A ATITUDE ADOTIVA

“Você é como você é porque assim deseja ser” 

Fred Smith

 

Após a decisão pela adoção ter sido tomada virá o momento de aprimorar a atitude adotiva.

Atitude é um propósito ou uma forma de manifestar um propósito. É uma reação ou jeito de ser, em relação à determinada situação, no caso a adoção de um filho. Stancolovich (p.60)-“A primeira mudança que deve acontecer em nossas vidas é a mudança interna… ser resiliente é uma escolha de vida”.

A atitude das pessoas sempre emerge em algum momento de sua vida. É algo que aparece. Em Maxwell (p.10) encontramos sua definição: “é um comportamento interior que se expressa pelo comportamento exterior”. É isso, mesmo que as pessoas escondam sua atitude, em determinadas situações elas surgem.

William Clement Stone, citado por Maxwell (p.10) explica que “Há uma pequena diferença nas pessoas, mas essa pequena diferença tem grandes efeitos. Essa pequena diferença chama-se atitude. A grande diferença é se essa atitude é positiva ou negativa”. 

A atitude diferencia as pessoas. Somos geneticamente e psicologicamente diferentes nos tornando seres únicos. Cada um tem sua personalidade peculiar, sua maneira de ser e de viver em ambientes que são culturalmente diferentes. Recebemos ainda a influência das pessoas próximas, com outras atitudes e comportamentos positivos ou negativos, alegres ou pessimistas.

Nossas experiências de vidas anteriores (infância ou juventude) impactam na nossa atual vivência, nossas atitudes. Passamos por bullying, conquistas, mágoas e vitórias que nos marcam para sempre. Alguns conseguem trabalhar estas questões, outros não, afetando a autoestima e autoimagem.

Há pessoas que crescem, evoluem se modificam. Conquistam seus espaços, bons amigos, transformam sua vida. Tudo dependerá da sua disposição interior. Não escolhemos o início de nossa vida, nossa infância, mas na maturidade estaremos sujeitos ao nosso livre-arbítrio. Temos e podemos construir outra história, transformar nossa biografia a partir de nossas vivências. Não podemos mudar o passado, mas podemos vê-lo de forma diferente.

Para Romão (p.81) –“ O mundo guarda os ensinamentos que você foi aprendendo no decorrer da vida. Ensine as pessoas ter pequenas atitudes, todos os dias, que possam produzir um resultado positivo na direção dos seus grandes desejos”.

Para alterar nossa atitude temos que enfrentar as incertezas, os problemas, as mudanças e aprender lidar com as situações. Confiar nas suas escolhas e enfrentar com força.“ Se você achar que pode fazer algo, isso é confiança. Se puder fazê-lo, isso é competência. As duas coisas são necessárias para o sucesso” (Maxwell, p.25).

Atitude Adotiva é isso: confiar no seu sonho e agir com competência. Isso deverá ser desenvolvido com estudo, leituras, conversas e trará certeza do seu desejo de se tornar uma família adotiva. Quando assumir a capacidade de administrar sua decisão de adotar ,quando fizer a escolha, quando tiver compreensão de meus sentimentos, quando encarar a vida adotiva com segurança, aí sim, poderá seguir com seu projeto adotivo.

A atitude adotiva também é a capacidade de aceitar o outro como ele é sem idealizações fantasiosas. Assim, observando nossas reações diante daqueles que são diferentes, aprenderemos sobre a nossa capacidade de amarmos, de realizarmos, de compreendermos que as diferenças podem ser elementos que fortificam e fortalecem os laços de amor e união entre as pessoas.

Há acontecimentos inevitáveis como a dificuldade de gerar biologicamente um filho, mas sempre existem meios de superação. .Se a pessoa tem atitude positiva e resiliente encontrará uma forma de transformar o obstáculo em algo bom. Reagir. Atitude é escolha com responsabilidade, confiança e amor.

Claro que para a adoção, para desenvolver sua atitude adotiva, levará um tempo Precisará avaliar e identificar seus sentimentos, seus objetivos, sua real motivação.

O psiquiatra William Glasser (in Maxwll-p. 54) diz “Se você quiser mudar atitudes, comece com uma mudança de comportamento”. Repensar suas posições, seus medos, seus hábitos são o caminho para adquirirmos nova atitude. Não desanimar, não desistir, ter persistência, comprometimento, coragem e esperança. 

Temos que enfrentar os obstáculos que continuamente permeiam a vida, mas podemos escolher a forma de vê-los, senti-los; pode-se colocar maior ou menor importância; pode-se mudar a prioridade e focar numa atitude de amor próprio e crescimento pessoal em detrimento da martirização do sofrimento sem fim (muitas vezes alimentados por quem deseja se libertar deles). É possível mudar o enfoque dado a uma situação imposta pela vida, seja ela considerada boa ou ruim.

A adoção irá impactar sua vida. Quando temos uma criança/adolescente em casa haverá grandes mudanças em todos os setores, seja alimentação, lazer, brinquedos. Sempre perdemos e ganhamos. São as trocas que existem nos ciclos da vida. 

A adoção é um processo complexo. O adotado se for crescido, já iniciou seu desenvolvimento biológico, psicológico e social sem a presença de pais. Desenvolver nova vinculação afetiva por parte dos adotantes exige uma atitude paciente e constante.

Mudar a vida tranquila, (vida a dois ou mesmo só, com possibilidade de fazer o que quiser e na hora escolhida), para uma atitude adotiva, para receber um FILHO. Terá que acabar com a “antiga” vida e criar uma nova. Essa transformação deverá acontecer de dentro para fora. Terá que mudar a si mesmo. Reconhecer-se e resolver-se.

Citando Abrahan Kaplan (in Maxwell, (p 100)-“ Problema é algo sobre o qual você pode fazer alguma coisa. Se você não puder fazer nada, não se trata de um problema; trata-se de uma situação difícil. Isso significa que é algo que deve ser enfrentado, suportado”.

Um filho é para sempre. Não tem prazo de validade e precisam ser continuamente adotados, na infância, juventude e vida adulta. A atitude adotiva se prolonga com a chegada de noras, genros e netos.

A vida nos oferece oportunidades para repensarmos nossas atitudes. Desviar o olhar para nova perspectiva, não sabotar a possibilidade de realizar sonhos, lembrando que sua atitude adotiva poderá fazer diferença na vida de muitas pessoas.

Desenvolver atitude adotiva exige uma observação de si mesmo, como observa D`Ándrea (p. 87): “Os comportamentos, gestos, olhares, expressões, tons de voz-exprimem, mais que as palavras, as nossas intenções mais profundas. São os canais através dos quais chega uma mensagem de aceitação ou não aceitação”.

Stancolovich (p.51)-observa: “Você descobrirá em si uma atitude cada vez mais aberta e curiosa diante de novas ideias, experiências e possibilidades de vida, pois sua existência se tornará uma aventura. Os sentimentos de ansiedade, medo e de insegurança—se aparecerem—terão menos possibilidades de intimidá-lo ou dominá-lo, pois será muito mais fácil administrá-los e superá-los”. 

Ter atitude é respeitar o outro nas suas diferenças, é colaborar, compreender e abrir-se para as pessoas e situações. Na situação adotiva é conseguir transformar em filho, de forma definitiva, alguém que não conhece.

 

Finalmente: ter transformações positivas, autocrítica e superar dificuldades. Ter um “projeto de vida”, um plano, uma intenção, mudança, habilidade em perceber possibilidades, posicionar-se.

Referências

  1. Stancolovich,E- “ Resiliêncua-venç\ o stress e controle a pressão antes que eles dominem voc~e”.-SP-Ser mais-2015
  2. 2-Maxwell,J.C- “ Você faz a diferença: como a atitude pode revolucionar sua vida” RJ-Thomas nelson do brasil-2006
  3. 3-Romão,C-“ Tente outra vez”-SP-ARX-2002
  4. D´Andrea,A-“ Tempo de espera-como vivem as crianças,o casal e os trabalhadores sociais a espera da adoção”-SP-Instituto de terapia Familiar de São Paulo-ITFSP-2012

Rumando para 2021

Com ou sem pandemia  estamos rumando para 2021. O coração repleto de esperanças como se o calendário regulasse o trajeto de um vírus maligno. Um vírus que nos abalou, que levou vidas e nos obrigou a vivermos de uma nova forma.

Novo mundo. Mundo virtual, entrevistas, cursos, palestras, compras, tudo de um novo jeito. É a mesma coisa? Não sei. Nos falta a energia emanada do outro. Nos falta o olho no olho. Nos falta o calor, o toque ,o abraço saudoso , a presença.

Por outro lado o mundo se abriu. Aconteceram as “ lives” quando pessoas de tão longe entraram em nossas casas e nos trouxeram conhecimentos, informações que alimentaram nossa alma.

E as adoções continuam? Com ou sem pandemia as crianças precisam de família. Precisam ser acolhidas, adotadas e amadas. Sim as adoções continuam porém como em tudo no momento que vivemos, em compassos lentos.

Crianças que vivem nas Casas de Acolhimento, se possível ,muitas retornaram às famílias de origem. Na vida coletiva institucional a possibilidade de contágio pelo vírus pandêmico é maior. Não será maior o risco de viverem nas famílias de origem pois se foram acolhidas certamente algo aconteceu !

A Justiça em trabalho virtual, entrevistas com pretendentes a distância . Será a mesma coisa? Como os técnicos poderão captar o que o corpo fala? Como estão lidando com os novos casos de acolhimento de crianças? Como fazem a DPF ? Não temos informações , mas espero que tudo esteja  sendo feito em prol das crianças e adolescentes.

Rumando para 2021. Como será? Convido-os a enviarem energias positivas para o espaço cósmico. Mandar esperança, desejo de dias melhores, com trabalho para todos, com amor .Vamos pedir que o Criador olhe por nós. Vamos acreditar e fazer a nossa parte. Sejamos generosos, presentes e participativos.

Feliz 2021 para o Planeta e seus habitantes.

Sou Pretendente a Adoção

Me chamo Angela Souza tenho 42 anos e sou pretendente a adoção  : ) 

Há pouco tempo atrás me dei conta de que sou uma pretendente a adoção, mas não penso que este adjetivo foi conquistado no momento em que decidi participar da primeira palestra na Vara de Infância, eu realmente me vi uma pretendente à Adoção, recentemente, no momento em que entendi que a maternidade pela via adotiva não tem como objetivo principal  encontrar crianças para pessoas como nós que queremos maternar e sim encontrar famílias para crianças e adolescentes que se encontrem fora do convívio familiar e social. A partir desse ponto percebi que depois de exatos 9 meses realmente me sinto uma pretendente: Alguém capaz de acolher, cuidar e amar uma criança que não tenha laços sanguíneos comigo. 

Se este entendimento tornou minha caminhada mais fácil? Em partes, não! Não é fácil depois de ter entregue os documentos na Vara e ter acesso ao seu numero de processo e  semana após semana você olhar e ver que nada mudou, que a última atualização  se deu em julho de 2020 e de lá pra cá nada aconteceu. Por que tanta demora é o primeiro questionamento e uma grande barreira a ser transposta. Como estou transformando isso? A cada encontro virtual do Grupo de Apoio a Adoção entendendo que a espera se faz necessária, que temos trâmites jurídicos que devem ser seguidos e respeitados para que o processo de adoção corra de forma segura, inclusive para nossos futuros filhos. O que antes gerou angústia aos poucos vem dando lugar a preparação, seja ela emocional, física e financeira. Vejo este momento como também sendo de decisão, é nesta fase de nossa caminhada que precisamos definir o perfil da criança que queremos, Será que é fácil?  Em algum momento você já pensou que não necessariamente o que você quer pode ser o melhor para a criança? Eu tenho me questionado muito a respeito disso, afinal estamos fazendo uma escolha que mudará a vida de outra pessoa. Meu primeiro impulso era escolher um perfil de bebê recém nascido, mas aprofundando minha busca por conhecimento neste universo da adoção, em leituras, em lives  e em depoimentos de pessoas que já adotaram, me questionei sobre as minhas reais condições de cuidar e acompanhar um bebezinho que cresce rapidinho e se tornará um adolescente num piscar de olhos. E se por egoísmo eu insistir e não puder dar toda atenção necessária? E se eu estiver tirando a oportunidade dela ter pais mais novos (idade) que possam a acompanhar por um período maior de sua vida. Crianças adotadas podem trazer traumas e serem jovens inseguros por isso a presença de pais até mais que a fase adulta será de grande importância. Esse é o sentido da adoção que venho formando para mim, é pensar na criança como um outro indivíduo que precisa ser respeitado, seja em suas necessidades ou em sua história pregressa. Abri minha mente e principalmente meu coração para aceitar filhos que eu tenha condições (em todos os sentidos)  de adotar por inteiro, penso em ser a mãe do filho real que estará a minha espera. Além da preparação faço deste momento e farei de muitos outros que virão pela frente, um espera otimista e alegre acreditando que na hora certa estaremos juntos e será lindo de viver.

Sugiro com carinho que participem dos Grupos de Apoio à Adoção, não só aquelas duas palestras obrigatórias para o processo, mas façam disso um compromisso sério com a sua preparação. Leiam, Assistam Lives, Encontros de Adoção de outras estados, sigam os Grupos de Apoio à Adoção nas redes sociais e vocês sempre terão assuntos interessantes para assistir, refletir e se emocionar.