Estive entre os dia 26,27 e 28 de maio de 2016 no XXI ENAPA (Encontro Anual de Apoio Á Adoção),em Caxias do Sul, brilhantemente coordenado pelo Grupo de Apoio à Adoção Instituto Filhos e ouvi uma palestra que me inspirou a escrever este artigo. A palestra, entre outros itens, nos trouxe a reflexão do relacionamento agressivo entre adultos, crianças e adolescentes.
Violência é um ato de domínio, tratando o outro como objeto desqualificado. É uma forma de força, seja física, moral ou psicológica. É o uso do poder de um sobre o outro, não somente adulto x criança ou adolescente mas mesmo entre adulto x adulto.
A violência mais difícil é a psicológica, a que fica e marca a pessoa. A agressão física dói, mas passa e a dor emocional permanece acompanhando o indivíduo pela vida.
Negligência é a falta de atendimento ao filho que ocorre não só entre a população sem condições de vida digna ( nem todos !) mas também em classe social abastada. Não cuidar da saúde, não levar para escola, aceitar que o filho “ mate a aula”, acompanhar os estudos, não atender a higiene.
Os maus-tratos podem ser psicológicos, físicos ou sexuais.
Maus-tratos psicológicos acontecem com a humilhação do outro, as desqualificações, discriminações, comparações, submeter à situações vexatórias, enfim, tudo que irá comprometer sua integridade emocional e afetiva.
Maus-tratos físicos são os puxões de orelha, palmadas, socos, surras, bater com cintas, pedaço de madeira, queimar com cigarro ou dar pontapés.
A violência sexual não é só o estupro ,sexo oral mas também fazer toques nos genitais, carícias, mostrar figuras ou filmes pornográficos, adultos tendo relações sexuais na frente das crianças e uso de vocabulário obsceno. Todas estas situações são marcantes na vida de uma criança e causam sofrimento escondidos na alma, deixam cicatrizes que podem se atenuar com tratamento terapêutico.
Por esta razão as crianças são retiradas das famílias e acolhidas nas Instituições de Acolhimento (abrigos).
Por que os adultos agridem as crianças ? Isso ocorre devido a repetição do comportamento culturalmente aprendido (mais estresse, etc).Os pai batiam e xingavam e estes adultos sobreviveram dizendo que isto serviu para os educar, repetem estas atitudes, entendem como algo correto que poderá ser repetido com os filhos.
Muitos adultos dizem que “ apanharam e aprenderam” e que mantém os laços afetivos com os pais.
Geralmente o filho desejado recebe melhor atendimento dos pais do que os que chegaram sem planejamento, claro que cada caso é um caso. No entanto a maioria dos adultos não tem conhecimento ou orientação sobre o desenvolvimento infantil e suas características ou necessidades e a consequência é o uso da violência.
Precisamos implantar o “Curso de reflexão para futuros pais consanguíneos”. Há curso oferecidos mas são mais ligados aos primeiros cuidados.
Certa vez, ainda quando exercia meu trabalho profissional, anos 80, num Congresso de Educação Sexual Escolar, sugeri que a “ educação para a formação de famílias” deveria fazer parte do ensino médio, ou promover uma semana da família direcionada aos jovens .Quase fui expulsa do evento ! Continuo com esta ideia pois muitos jovens de 15 anos já são pais. Não adianta prepará-los apenas para o vestibular. A escola deveria pensar ,mais ainda, sobre a educação para a vida.