Família substituta

Quem será que achou que este termo seria adequado para designar a família adotiva?  Não gosto. Nunca gostei. Sou mãe adotiva. Não sou mãe substituta!

Hum……está na Lei……pois é !

O que é substituir ? É ficar no lugar do outro por uma circunstância. É temporário. É alguém que ocupará o lugar do outro que está se ausentando, é uma função por um período. Poderá ser por um horário, semana até meses, mas nada definitivo.

É assim que entendo e portanto não sou membro de uma família substituta. Sou mãe sempre. Sou mãe 24 horas por dia. Sou mãe por anos. Sou mãe até hoje com filhas adultas, profissionais e também mães.

Ninguém me substituiu nas noites que tiveram insônia, febre, internamento hospitalar. Ninguém me substituiu para dar banho, vestir , ensinar andar de bicicleta, para levá-las para escola, ajudar nas tarefas escolares , levar nos aniversários dos amiguinhos.

Ninguém me substituiu quando enfrentaram vestibular , quando subi no altar no seu matrimônio. A mãe substituta …..arf……estava junto na maternidade e me tornei avó. Será que sou avó substituta…..noooossssa…..!!!  Não havia pensado nisso.

Nós , mães adotivas, que escolhemos a maternidade com  força total, que assumimos e estamos sempre presentes em todos os momentos, seja de alegria ou tristeza, dores, medos, apoiando, dando limites, passando valores de vida, somos apenas mães. Não estamos ali substituindo a “mulher gestante” que não quis ou não pode ficar com o filho. Estamos presentes na vida do filho de corpo e alma , sentimentos de afeto, acolhimento e aceitação.

Não temos um “ filho substituto”. Temos um filho que não tem o nosso sangue. Aí está outra bobagem…..o sangue…..marido e esposa não tem o mesmo sangue e ninguém questiona  ……rsrsrs…….,mas se incomodam com o sangue do filho.

O que é isso? Falta de assunto ? Falta de respeito?  Preconceito? Até inveja…” vocês são corajosos…”,ou aquela comparação com o tipo físico dos pais e da criança. Sim a família “substituta”  assume seu desejo, com fé, coragem , enfrentamento e constrói uma família desejada. Família pensada, enfrentando tudo que precisa, seja a documentação e tudo que a Lei deseja e com razão.

Família substituta se prepara para ser família . Faz curso preparatório, assistem palestras, fazem leituras,tudo para apenas substituir?  Não mesmo !

NOTA—tudo isso vale também para o “ pai substituto”

Estamos Habilitados. E Agora?

Prontos para adotar? Vamos lembrar que adoção é o exercício da
fertilidade afetiva e emocional. É acolher o FILHO que chega para
cuidar, proteger, passar valores, cuidar da sua saúde, acompanhar
as lições de casa, passear e amar.
A espera gera ansiedade. Se distraia. Passeie, viaje, se tem
companheiro (a) namore muito. Conversar, dialogar, mostrar-se ao
outro. Fale sobre sua vida, aquelas coisas que magoaram ou
alegraram. Isso é importante para fazer o total “alinhamento do
casal”.
O autoconhecimento é fundamentar na construção de sua
paternidade ou maternidade. Entender-se, ter em mente como irão
educar seu FILHO. Combinar antes para evitar desencontros depois
e acabarem discutindo e minando a relação conjugal. Como irão
reagir na hora de dar limites? Como pensam?
Ter consciência sobre seus atos. Se olhar, sentir seu eu interior.
Encontrar suas vulnerabilidades. Qual é a sua fraqueza? Qual é o
ponto de discordância? É hora de alinharem suas expectativas,
conectar-se entre si para agir com sabedoria e bom senso na hora
que preciso for.

Toda educação passa pela educação do educador. Quem sou? A
chegada do filho relembra sua educação, suas feridas e seus
medos. O que vê no outro e te incomoda é porque faz parte de
você. O problema não é o outro!
Todos têm uma criança interior que vive em nós e aflora com a
vinda do FILHO. Isso é um dos motivos de não acontecer uma
adoção total.
Outra sugestão aos habilitados e trabalhar o LUTO da possível
infertilidade ou esterilidade, se for o caso. Sofrer não mudará os
fatos. Não ficar vivendo “dentro do problema”. Buscar uma terapia
ou microfisioterapia ajudará muito neste momento.
Vivenciar o luto é essencial para ter espaço emocional em si para
receber um filho pela adoção. Ter tolerância, humildade,
resiliência. O tempo não cura-amortece seus sentimentos, mas uma
ajuda sempre é bem vinda.
A criança ou adolescente que será seu FILHO também tem seu luto
e se não superá-los não se permite ser adotada. Essa questão
deverá ser muito trabalhada quando estiver sendo preparada para
adoção. Cabe à Instituição de Acolhimento desempenhar este
papel.
Os futuros pais devem buscar ajuda nos Grupos de Apoio à
Adoção, seja antes do FILHO chegar ou depois, nos encontros de
pós-adoção.
Vamos pensar na preparação emocional bem como na matérial. O
enxoval para a gravidez psicológica não é ir comprando roupas e
brinquedos. Como será este filho? Gordinho, magrinho, alto, baixo?
A melhor forma é poupar, ter uma reserva financeira para adquirir
tudo que irá precisar quando estiver na fase de convivência com o
futuro rebento.

Enquanto espera pense se o FILHO terá um quarto individual,
compartilhado? Será um berço? Caminha, beliche? Vá vendo os
orçamentos e organizando-se. Poderá adquirir toalhas de banho
cobertores, ver se irá precisar colocar telas nas janelas, se tem
escada poderá precisar de um portãozinho, claro que tudo
dependerá da idade do seu filhote.
Visite escolas na sua região e com quem poderá contar para
possível ajuda, lembrando que vovós ajudarão com gosto, mas os
pais serão vocês. Tem plano de saúde? SUS? Dentista?
Ortodontia? Pediatra? Clínico? Vacinas… Tudo isso deverá ser
pensado enquanto espera.
Vocês estão habilitados? Que bom? Já habilitaram seus familiares?
Sim! Adoção é um ato familiar. Avós,tios,primos,amigos,vizinhos
também deverão adotar o novo membro familiar. Ele precisa ser
inserido no circulo de pessoas de sua convivência. Avisar também
seu local de trabalho, pois terão licença maternidade.
Muitos pais nesta fase ficam sonhando com o filho e desejando tal
escola, tal balé, tal natação. Será? O importante será a formação de
vínculos e dar segurança emocional. Não se preocupem em
escolher uma escola onde poderá ser excluído por não conhecer a
Disney ou falar errado. Vamos com calma.
Vamos lembrar que as das crianças institucionalizadas tem
desenvolvimento físico e social diferentes das crianças que sempre
viveram nas famílias e tiveram estímulos para um bom
desenvolvimento. É um desafio para os adultos, novos pais. A
idade cronológica ou registral é diferente da biológica- ou corporal.
Irá demonstrar a idade psicológica e cada idade tem suas
especificidades.
Que filho terá? Filho do coração? Esse jeito de expressar é
“bonitinho” mas não é real. Só gera confusão na cabeça da criança
que nasce de uma forma diferente dos demais. Todos são
BIOLÓGICOS. Chamamos de CONSANGUÍNIOS ou GENÈTICOS
os que nascem e permanecem nas famílias e os que mudam de
família são ADOTIVOS ou AFETIVOS. Não importa se ficam ou não
ficam dentro da família de origem, todos precisam ser adotados.

Filho chegando virá a licença maternidade que é o momento onde
os pais irão realmente conhecer seu FILHO pois estará na sua
casa.Deve ser aproveitada.
Ser pai. Ser mãe. Início do mutirão: pediatra, dentista, psicólogo,
fonoaudiólogo, compras…Lição de casa , festas infantis,
parquinhos…Empenho para dar certo.
A criança ou adolescente muda de ambiente, de cama,muda de
escola, muda seu nome patronímico. Quanta adaptação dos dois
lados, do filho e dos pais. Focar no relacionamento.
Náo é mais filho adotivo. É seu FILHO! Adotivo não é sobrenome.
Acolher ! Acolher! Chegou um diamante em forma de pedra

Natal do filho adotivo de José

Dezembro: Natal. Final do ano. Comemorações de todos os lados. Correria. Compra de presentes. Alguém se lembra por que tudo isso?

Tudo por causa de um Menino, de um menino que foi adotado por aquele que é chamado de São José. Adotado com amor incondicional.

Até hoje seu aniversário é festejado por alguns e outros nem sabem porque enfeitam a casa, presenteiam ou fazem a ceia.

Natal é uma festa sem fronteiras. É o culto do nascimento da bondade, da ternura, da vida, da reflexão. Natal não é só festa. É muito mais.

Cada povo tem suas tradições e comemoram do seu jeito. Sempre existe a tradicional “Árvore de Natal” enfeitando as cidades, centros comerciais e as residências. O Pinheiro é a árvore escolhida para ser decorada, pois é a única árvore, que com suas folhas ásperas, o único vegetal que conserva suas folhas no inverno.

O Pinheiro foi oficializado como Árvore de Natal em Strasbourg, em 1605. Em 1867, Napoleão III, em Paris, plantou um pinheiro por ocasião do Natal ,e, na América do Norte o costume foi levado durante a Guerra da Independência, pelos soldados alemães.

A árvore é o tronco da vida, nós os ramos; os ramos dão os frutos.

As bolas coloridas são os enfeites tradicionais representando os frutos da árvore. São os talentos, os dons, as boas ações, o amor, o perdão, a esperança, a compreensão. Nossas atitudes são os frutos de nossa vida; como as bolas que refletem nossa imagem.

O presépio é a representação do local do nascimento do Menino Jesus. Em 1223, São Francisco de Assis montou o primeiro presépio. Montar o presépio “não é” decoração. Será importante ver nele a vinda de Jesus para o meio de nós. Jesus poderia ter nascido num palácio, mas veio num lugar simples para nos ensinar a simplicidade.

Outro símbolo natalino é o Papai Noel. A origem mais remota vem do século IV e fala sobre Nicolas, nascido em 281, que se tornou Bispo de Myra, na Ásia Menor. São Nicolau era rico e ajudava as pessoas particularmente na época de Natal, época de rigoroso inverno na região.

Em 1930, o artista Fred Mizen imprime a imagem de Papai Noel numa propaganda de refrigerantes, mostrando-o gorducho, simpático e vestido de vermelho. Em 1931, Haddon Sunbdlon usa uma figura humana como modelo. Com tudo isso temos o Papai Noel atual que no mundo ocidental substitui a figura de São Nicolau.

Não importa se Papai Noel entra pela lareira ou se mora no Polo Norte. Na fantasia de cada um sempre há o sonho de que ele pare seu trenó na frente de nossa casa, que nos dê bons conselhos e que eles sejam ouvidos por todos.

Pensando pelo lado da adoção, Papai Noel é um vovô gentil adotado por todos , diferente de muitos outros vovôs que são abandonados pelos familiares.

É um tempo que as pessoas presenteiam. É uma tradição inspirada nos Reis Magos que levaram oferendas ao Menino Jesus. Muitos presenteiam por que “tem” que presentear o que, neste caso é algo errado, pois não existe essa obrigatoriedade. Nada adianta se, durante o ano as pessoas não se relacionam e depois, só porque é Natal trocam presentes obrigatórios.

O que vale é que as pessoas sejam presentes na vida de outras, em tempo integral, com respeito dedicação e amor.

Tempo de Natal. Tempo de músicas especiais, de festejos diversos, muitas luzes e muito verde e vermelho. Tempo de Ho… Ho..Ho…

Que a noite de Natal seja uma verdadeira noite adotiva, entre pais e filhos, parentes e amigos. Que seja lembrado o motivo maior: o aniversariante do dia. Noite de abraços, de perdão, de amor.

Vamos Brincar?

Você brinca com seu filho? Muitos pais brincam muito,outros muito pouco e há os que não brincam.

Brincar é se divertir,se entreter,é algo espontâneo que aproxima as pessoas,pais e filhos  e traz alegria e união.Cumplicidade também!

Há brincadeiras mais individuais e também as  coletivas.Algumas simplesmente recreativas e outras que oferecem muita aprendizagem,fantasias e promovem desenvolvimento motor e psicológico.

Brincar ajuda na formação da identidade,do caráter,ajuda na autonomia,memória e imaginação.Existem jogos ,como o jogo da memória,de montar,de criar,de esperar sua vez,de ganhar e de perder.

Pelo brincar se trabalham as potencialidades,as limitações,a exploração,habilidades sociais,afetivas,cognitivas e físicas,Auxilia no desenvolvimento instintivo,exploratório e criativo.

Quando a criança está brincando estará refletindo,pensando e organizando.Se em grupo estará cooperando,competindo ou liderando.Aprenderá regras,respeito e habilidades.

Os pais devem participar das brincadeiras familiares.Será uma forma de criar vínculos de afeto,companheirismo e participação na vida do filho.

Atualmente vemos os jogos eletrônicos,particularmente o celular, como forma de entreter os filhos.Pais e filhos se isolam.Não conversam.Não se olham.

Se você recebeu um filho pela via adotiva ,uma das formas de conhecê-lo será pela brincadeira.Para isso será necessário aproveitar a licença maternidade/paternidade e se dedicar totalmente.A adoção foi sua escolha espontânea.participe.Interaja.se doe.

 

Papel dos Avós

A vida atual trouxe mudanças nas famílias e com isso o papel dos avós não são como eram no passado.

Vemos avós assumindo o papel dos pais que por compromissos profissionais contam com a ajuda dos seus pais para cuidarem dos seus filhos. Muitos avós já aposentados, por terem uma renda fixa, embora pequena, ajudam economicamente os filhos desempregados.

Os avós levam os netos para escola, para aulas especiais, apoiam e aprendem a nova tecnologia com os netos. É uma nova realidade social.

Os pais não devem considerar os avós como “babás” dos netos. São disponíveis, brincam e levam a fama de “estragar” as crianças. Dão amor, são pacientes, passam as lições de vida, resgatam as histórias familiares, mas também precisam viver seu tempo de forma plena.

Há exceções: avós ausentes! Dizem que já fizeram a sua parte e fazem visitas ocasionais. Ainda há avós que tem vida profissional ativa e com isso seu tempo é limitado.

Ao avós tem o papel de socializar a família.Com o envelhecimento podem vir comprometimentos com a saúde e o final dos ciclos se fecham. Por isso, tanto os filhos como os netos devem conviver sadiamente com estes seres chamados de “experientes”.

 

Este texto circulou na internet e compartilho por aqui. O autor é Fabrício Carpinejar
“A educação vem dos avós


Os filhos só vão respeitar os pais se respeitaram os avós. Só serão educados, só não farão birra e chantagem, choro e culpa, se souberem conviver com os avós.
Sem o contato com outra geração mais velha, serão apenas mimados e briguentos, farão algazarra na mesa e baterão a porta do seu quarto.
Quem define a educação não são os pais, mas como os pais honram os seus pais e como inspiram os filhos a se comportarem com os pais dos pais.
Esse é o ponto de conversão, o espelho necessário.
Os presentes e os cuidados, os afetos e o tempo concedido não definem um relacionamento saudável de filiação.
Quem é um bom neto será um bom filho. A ordem não pode ser mudada. Porque a criança aprenderá a ouvir aquele que veio antes, a se importar com as lembranças familiares, a obedecer ao ritmo da idade e da calma. Entenderá o que é falar depois de ouvir, o que é amar depois de fazer. Terá paciência para caminhar mais lento e a suportar infinitas versões de uma mesma história. Perderá o egoísmo da pressa. Verá que as pessoas envelhecem e precisam de cuidados maiores. Verá que a gentileza não é uma formalidade, porém um modo de preservar a rotina.
Com os pais, os filhos são direitos. Com os avós, reconhecem quais são os seus deveres.
Nada mais generoso do que assistir televisão com os avós e testemunhar as risadas de piadas incompreensíveis para a nova geração, para se afastar um pouco do celular e reassumir o valor da presença diante da mesquinharia das ilusões. Nada mais terapêutico do que perguntar o que significam palavras antigas.
A avó e o avô funcionam como antídotos contra a gritaria e as ofensas.
Criança que ajuda os avós certamente cederá o lugar no ônibus e carregará as sacolas do supermercado de uma estranha na rua. Pois sempre se lembrará daquele que gosta e tem mais vulnerabilidade.
Filho que apenas fica com os pais é abusivo, mia e chora por qualquer coisa, não obedece, não diz obrigado, cabulam as tarefas, acha que mora num castelo com a obrigação de ser servido e que todo mundo é eterno. Já filho que divide uma noite com os avós conhece o que é saudade e teme a morte.
Não vai colocar a sua vontade em primeiro lugar, já que perceberá a necessidade majestosa dos mais idosos. Manterá em si um pouco do temperamento de enfermeiro e de cuidador por toda a vida. Mesmo que os avós não estejam mais entre nós, existe a memória deles, que permanece sendo uma permanente tutoria.
Foi com os avós que me doutorei no meu silêncio, acompanhando o nono na pescaria e esperando fisgar um peixe durante horas de observação do lago, que descobri o valor de um bolinho de chuva no meio da tarde e a arte de montar a pirâmide de lenha na lareira, que assimilei a importância de vestir um pulôver, tricotado pela nonna, mesmo que seja para caminhar pela sala.
A educação é filha do amor, mas neta do respeito.”

Luto pela falta gestacional

Luto Falta Gestacional

O luto ou tristeza profunda é uma resposta que ocorre após alguma perda significativa trazendo reações (emocionais, comportamentais, sociais e físicas), fazendo com que o indivíduo tenha respostas diversas até encontrar a acomodação da situação, isto é, quando aceitar a realidade. Sua duração dependerá da estrutura pessoal dos envolvidos; há os que enfrentam e os que simulam sua aceitação.

Com a descoberta da infertilidade ou esterilidade vem a desilusão, negação, haverá a busca de tratamentos, gastos financeiros, e até possível depressão. Os envolvidos nem sempre gostam de dialogar sobre o assunto.

O processo da elaboração desta etapa passa por situações de isolamento, enfraquecimento emocional, raiva, negação, enfrentamento da indelicadeza, de questionamentos, múltiplas consultas médicas e silêncio. Depois virá a aceitação e adaptação.

A ajuda de um profissional da área psicológica os ajudaria falar sobre seus sentimentos, os aliviaria. É um momento adequado para aumentar a autoestima e pensar em possibilidades.

O luto poderá ser intensificado por questões anteriores, por problemas antigos, bloqueios na juventude, personalidade e a descoberta da esterilidade os fazem reviver situações anteriores de vida. Quando aceitam, elaboram o luto, sentem-se livres.

O luto será elaborado após grande reflexão mental, com ou sem ajuda terapêutica, Alguns têm grande poder de tolerância e aprendem lidar com a situação, reconhecem a existência de novas possibilidades. O aquietamento emocional trará um novo período ocupando o pensamento: e agora? Como seguir a vida? Que caminho tomar? Chegou a hora de escolher uma alternativa possível para continuar a vida.

Não adianta nada se esconder ou esperar a crise passar.Temos que ser realistas, aproveitar as oportunidades (adoção), e descartar os obstáculos, superar, recomeçar, aprender, evoluir, ter atitude.

Se o luto seja ele qual for não for resolvido, ele viverá para sempre. Será necessário reaprender a viver entendendo que a adoção não é um paliativo da infertilidade ou esterilidade.

Lembramos que a adoção não fará o luto desaparecer. Adoção não é remédio!Mas se deseja ter uma família e não consegue pela via natural por que não a formar pela via adotiva?

 

Se a esterilidade for masculina, em geral o conflito será maior, pois culturalmente o homem é educado para a virilidade. Em alguns casos a mulher passa se considerar superior a ele , o casal que se desestrutura, precisa de apoio.

A gravidez de quem espera um filho pela via adotiva pode durar anos.  Tornam-se grávidos de um útero não gestacional. A espera é angustiante, depressiva.

Filho não é a solução e nem serve para acalmar a inquietude. Ele não poderá chegar à família com a responsabilidade de manter um casamento, acabar com a solidão ou monotonia. Será um compromisso para sempre.

As dificuldades que enfrentamos na vida nos tornam fortes ,melhores e também mais humildes  e compreensivos.

Família de Mentira

Minha família é formada pela via adotiva e já me disseram que ela é uma família de mentira. Entre os muitos preconceitos   sofridos, este é novo e me fez pensar : o que é uma família de verdade?

Família de verdade  deve ser aquela onde existe vínculos de cumplicidade, de amor, de harmonia, de bem-querer, de respeito.

Família de verdade é aquela onde  um deseja saber  se o outro está bem, se precisa de algo, se está feliz. Onde um se preocupa com o próximo, onde procuram se reunir, rir juntos e chorar também ,se isso for preciso.

Família de verdade não precisa ter o mesmo sangue. O que adianta ter a mesma genética e não se entenderem? Não se respeitarem? Não se ajudarem?

Família de verdade tem saúde mental, união, companheirismo  !

A minha família de mentira ( adotiva) é engraçada: nos reunimos sempre, viajamos juntos, nos vemos praticamente todos os dias. Nos entendemos , somos aliados, cumplices e não temos nada de biológico. Somos um grupo animado, adultos e crianças se curtindo sempre.

Existem muitas famílias chamadas  “de verdade” ( por terem o mesmo DNA) mas não tem o DNA da alma .Ter o DNA da alma é se amarem  em todos os momentos. Se perdoarem se houver necessidade, se ajudarem se faltar algo, se apoiarem e contarem uns com os outros.

Família de mentira( mesmo com o mesmo DNA ) é aquela em que um não sabe onde o outro está, a que horas chega em casa, não se respeitam ,não se apoiam. Na família de mentira o diálogo verdadeiro é substituído pelas mensagens via celular, onde ver as postagens são mais importantes do que  quem está ao seu lado. Simplesmente vivem sob o mesmo teto, quando vivem!

Na família de mentira os idosos,  que estão no final da vida, não recebem atenção carinhosa. As pessoas desejam ser amadas em qualquer idade e devemos amar enquanto temos chance de expressar sentimentos. Um corpo gelado não precisa de visitas.

Na família de verdade as pessoas se olham nos olhos, aproveitam a vida enquanto vivem e usam os braços para abraçar. É bem termos um ombro onde encostarmos a cabeça  e termos corações unidos.

Família de verdade continua alimentando o afeto, aceitando o outro, sendo  amigo e praticando o bem.

Há famílias de verdade que são “ verdadeiras famílias de mentira” onde predomina a negligência ,os maus tratos com os filhos ,sem união e bem querer. Apenas escrevem o mesmo sobrenome porque assim  está no seu registro civil. O registro emocional  não existe.

Mas… se for uma família adotiva… ahn… é família de mentira. No entanto é uma família bem verdadeira onde os pais “desejam” serem pais, enfrentam a preparação de documentos para adotar, enfrentam os trâmites legais e esperam ansiosamente a chegada dos filhos. Filhos estes que não são parecidos com os pais, seja na cor da pele, conformação óssea e tipo sanguíneo.

Interessante que “ pegam” o jeito, ficam parecidos…

A família adotiva aceita “gerar” filhos crescidos, alguns com dificuldades de saúde e lutam para que a harmonia aconteça, sempre com muito empenho e dedicação.

Vemos filhos que passaram pelo processo adotivo, saíram de uma mal feita família de verdade e entraram na família de mentira e são pessoas dignas, esforçadas e amadas.

Sou muito feliz com minha família de mentira!

Dia Nacional da Adoção: 25 de maio

Maio: mês muito festejado.

Maio é um mês muito festejado ,com datas comemorativas diversas. O nome “Maio” vem do latim “Maius”,mês dedicado à deusa Maia ,filha de Atlas e mãe de Mercúrio.

Maio é mês  que se comemora o Dia das Mães e o Dia Nacional da Adoção. Mês de Maria, mãe de Jesus.

Antigamente era conhecido como o “mês das noivas”. Este costume está em desuso no hemisfério sul. Originou-se no hemisfério norte por ser Maio o mês do auge da primavera com clima gostoso e flores em abundância. Outra  justificativa deste tradição  é talvez por ser a cerimônia tradicional do casamento instituída nesta época do ano (1534-1539).

A comemoração pelo “Dia das Mães “ teve início nos Estados Unidos por volta de 1905 quando Anna Jarvis perdeu sua mãe ,se deprimiu e suas amigas resolveram perpetuar memória dela com homenagens. Anna achou que a festa deveria ser estendida para todas as mães.

O evento notabilizou-se em 19 de maio de 1907 e firmou-se  que seria no segundo domingo desse mês desde 1914. A primeira comemoração no Brasil aconteceu no dia 12 de maio de 1918 em Porto Alegre e ,em 1932, Getúlio Vargas oficializou a data.

A comemoração mais antiga vem da Grécia que festejavam Rhea, a Mãe dos Deuses.

O DIA NACIONAL DA ADOÇÂO é comemorado no dia 25 de maio de cada ano .Esta data foi escolhida por ter nela acontecido o Primeiro  Encontro Nacional de Adoção, hoje denominado de ENAPA. Foi em 1996 na cidade paulista de Rio Claro e transformada em Lei (Lei 10.447 ,de 09 de maio de 2002),institui o dia 25 de maio de cada ano como sendo o “ Dia Nacional da Adoção”.)

Anualmente os GAAs (Grupos de Apoio às Adoções) realizam o ENAPA para que ,além do “ encontro” de seus membros ,se discutam as novidades nas Leis da Adoção e outros temas ligados à infância e adolescência no seu direito de viver em família.

A sede dos ENAPAs variam pelas regiões brasileiras a fim de que todos os Estados possam ,um dia, sediar este grandioso evento que já está na 23ª.edição.(Bonito-MS-2018)

Maio também é a época que se comemora o “ Mês de Maria”. Surgiu na Grécia, mês dedicado à Artemisa ,deusa da fecundidade e em Roma dedicavam à Flora ,deusa da vegetação. A Igreja católica realiza atos diversos para homenagear Maria.

Observamos que o Mês de Maria tem tudo a ver com o Mês da adoção. Maria é Mae, Artemisa representa a fecundidade e a adoção é a fecundidade afetiva e emocional.

Cada GAA comemora de uma forma a data nacional. Alguns realizam caminhadas, outros eventos diversos como o objetivo de divulgar a ADOÇÂO e com isso despertar nas pessoas a possibilidade de realizar uma adoção.

A Adoção de Crianças com Necessidades Especiais

Adocao Segura - Help

“Ame. Pois o amor é fundamental. Tenha sempre alguém ao seu lado no caminho, pois como dizia o poeta: ”É impossível ser feliz sozinho”.

Anônimo.

Na adoção de  crianças com necessidades especiais há necessidade de um ambiente familiar afetuoso, preparado para receber esta criança que precisa de ajuda para se desenvolver.

Os pais devem estar cientes de seus limites ( como adultos que são) e conscientes que terão que oferecer cuidados diferenciados, pois são crianças com problemas neurológicos e emocionais ou ainda com distúrbios de aprendizagem. São crianças soropositivas, com síndromes, problemas auditivos, motores, visuais, problemas ortopédicos, cardiopatias, sequelas de sífilis, de maus tratos além de desnutrição. Exigem cuidados permanentes, cirurgia, medicação, enfim investimentos de toda natureza. É um grande desafio!

Estes pais precisarão aprender muito sobre a dificuldade do filho, seja nos aspectos de tratamentos  como no comportamento que deverão ter com a criança. Muitos precisarão de fisioterapia especial, estimulações diversas e ainda lutar com dois preconceitos: adoção  e deficiência.

A criança com Síndrome de Down tem consciência que é diferente. É importante que os pais expliquem o que é isso e mostre a ela que todas as pessoas tem diferenças e particularidades .

Neste caso em especial, será preciso praticar atividades que desenvolvam coordenação motora, equilíbrio, postura, orientação espacial e ritmo. Quanto mais cedo  se iniciar um trabalho para o desenvolvimento, melhor será.

Atualmente existem programas escolares onde se pratica a “inclusão” dando oportunidade de entrosamento e a convivência com a diversidade.

O jovem especial o será em algumas áreas. O corpo é igual ao de todos. Se tem uma deficiência mental não a terá na sexual. Deverá ser orientado neste sentido.

Estas adoções são chamadas “adoções necessárias” e se realizam por pessoas que percebem “a criança com necessidade” como uma oportunidade de se doarem e se realizam com os lentos progressos do filho,  uma conquista diária. Terão que lutar muito contra os preconceitos, a falta de recursos e os obstáculos que surgirem.Com dedicação algumas deficiências melhoram e até  se tornam reversíveis.( depende de cada caso).

A boa parte destas crianças são vencedoras , pois com o apoio dos pais e o amor conseguem recuperação. Já vimos, pessoalmente, crianças soropositivas (portadora de HIV) que negativaram, isto é, se recuperaram , deficiente visual que ocupa cargo em empresa de grande porte como tradutora por dominar vários idiomas e outras com problemas neurológicos severos que certamente iriam ao óbito, estarem bem graças à dedicação dos pais.

Quando as crianças soropositivas se têm pais, eles estão também doentes. “Nada se compara a uma criança abandonada pelos seus pais, que morreram contaminados pelos vírus da AIDS e deixaram para outras pessoas a tarefa de cuidar deste pequeno ser” SANTOS (1996-p. 73).

No atual momento existem muitas crianças portadoras de HIV. Os pretendentes deverão ser informados da situação pois haverá um investimento emocional e se não houver consciência dos pais poderá ocorrer rejeição e novo abandono. Contudo, nos casos em que este tipo de adoção acontece adequadamente, percebemos que os pais realmente decidiram e se disponibilizaram a cuidarem do filho especial, embora saibam que o futuro poderá ser difícil. Este gesto contribui para tornar a vida da criança mais feliz e emocionalmente saudável, além de conviver com o preconceito social frente aos portadores desta doença.

Convém lembrar que muitas pessoas em perfeito estado de saúde física e mental poderão se transformar em especiais  devido circunstâncias de vida como acidentes, contágio por HIV, cirurgias, uso de álcool, drogas entre outras causas.

Nas paraolimpíadas , vemos pessoas  com vários tipos de dificuldades disputando várias modalidades de esportes. Vemos atualmente pessoas em cadeiras de rodas participando de números artísticos no teatro,  balé  e trabalhando com informática mesmo sem visão .

Utilizo uma frase de HAMAD (2002, p 141), sobre a criança portadora de necessidades especiais, que considero muito verdadeira e ao mesmo tempo muito difícil de compreendermos: “Acolher uma tal criança consiste em reconhecê-la como sujeito tanto do desejo de alguém que a aceita como ela é quanto em seu desejo de criança que aceitou o risco de viver nas condições difíceis que são as suas”.

Ele prossegue ( p 142)-“A adoção de crianças com particularidades exige muita disponibilidade, muito trabalho e muita confiança, mas essa confiança, quando é concedida ao sujeito que está chegando, se constrói no dia-a-dia em função do vivido dos parceiros envolvidos pela adoção, não em função de um projeto que se considera absolutamente viável “.

São palavras de SCHUEPP (in FREIRE, 1994, p.227) : “A realidade nos ensina que essas adoções , desejáveis e possíveis, estão praticamente reservadas a famílias que dispunham de estrutura financeira, emocional e moral privilegiada. O meio cultural em que a família adotiva vive com seu filho deficiente, é fator importante. Parentes, vizinhos, o próprio sistema educacional e religioso, ou contribui ou dificulta o desenvolvimento dos laços paternais, com o filho adotado, ao ponto de tornar, em certos casos, impossível a adoção”. 

DEPOIMENTO

 

Eu, Maria  e meu marido, já próximos dos 50 anos, com três filhos criados e credenciados a condição de avós, fomos surpreendidos por um especial acontecimento Como um facho de luz que surge de repente, entra em nossas vidas um cidadão exigindo imediata atenção, cuidados, e principalmente necessitado de muito amor. Em nenhum momento houve qualquer dúvida de que este fazia parte de nossas vidas. Iniciava-se uma experiência maravilhosa, sermos pais de uma criança especial, e, como em outros casos, também  mostrar a sociedade que, embora todas as dificuldades que envolvem um pequeno ser, comprometido pelo vírus HIV / AIDS, nada impede que a esperança, unida a todos os cuidados específicos permitam o milagre da sobrevivência.

Nosso filho é portador do vírus HIV, mas temos a convicção de que, nosso amor, aliado aos cuidados da medicina moderna, permitirá seu crescimento saudável e seu ingresso na sociedade com equilíbrio. Hoje, com nove anos, F…. é inteligente, educado e feliz, nos passando a certeza de um futuro brilhante, pois, para nossa família, foi e sempre será nossa “Alegria de Viver”.

                  Maria

Grupo de Apoio à Adoção. (GAA)

Os Grupos de Apoio às Adoções, simplesmente GAAs , são formados pela maioria, por pais adotivos  que se voluntariam com a motivação de estimular o conhecimento de uma cultura adotiva positiva e livre de preconceitos.

Ao divulgar informações sobre a vida adotiva, seja pelo lado dos pais como a dos filhos, estão gerando conhecimentos e possibilidades fazendo a sociedade entender que a convivência familiar irá gerar indivíduos mentalmente saudáveis.

Os GAAs orientam, preparam os pretendentes à adoção, trocam experiências e estudam também. Promovem reuniões, depoimentos, palestras, encontros e se reciclam anualmente nos ENAPAs, que é o encontro nacional dos grupos realizado em vários pontos do país.

Quem desejar fundar um GAA poderá obter auxílio na ANGAAD que é o representante oficial dos GAAs .

Passamos a seguir o passo-a-passo para fundar um grupo de apoio. Basta seguir as “ instruções normativas” e documentação necessário.

Baixe as INSTRUÇÕES NORMATIVAS PARA OS GRUPOS DE APOIO À
ADOÇÃO clicando aqui <-