PUBERDADE: O SALTO DA INFÂNCIA PARA A JUVENTUDE! TRANSFORMAÇÃO RADICAL

Num belo dia, ao olhar no espelho, percebe-se que o corpo está mudando A transformação da infância para a juventude se inicia por volta dos 8-10 anos. Cada pessoa tem seu relógio biológico que despertará em idades variadas, mas sempre despertará. Todos tem seu momento. Não adianta querer ou não querer. Eles são diferentes nos meninos, nas meninas e não ocorrem na mesma idade, no mesmo ritmo  dos seus amigos.

Este período é chamado “puberdade” ou “pré-adolescência”. Dura 3 a 5 anos aproximadamente. É um fenômeno da natureza, todos passam por ele .É um momento em que você se compara com os colegas, alguns até com um pouco de inveja por ver que eles estão mais adiantados (ou  mais lentos) nessas mudanças. “Será que serei um cara fortão?” “Será que minha menstruação virá logo?” Quanta dúvida! Medos… incertezas… ”Estou desengonçado…estou espichando…tenho vergonha…”Vou ficar baixinho? ”Uns tem pressa de crescer, outros nem tanto.

É um período desconcertante em todos os sentidos e tem muitos  significados para seu bem estar emocional. Meninos e meninas crescem e se transformam em adultos devido a ação de hormônios que estavam num estado de dormência e despertam motivando várias mudanças nos jovenzinhos .É preciso aceitar essas mudanças como parte de seu desenvolvimento pois  é a ação da natureza  que transforma a criança em futuro adulto.

O crescimento das meninas e meninos depende de fatores hereditários, Existem exames que podem avaliar o desenvolvimento dos jovens. Há testes sanguíneos para verificar a parte hormonal e o quanto irá crescer pelo exame de raio X. O crescimento entre púberes e adolescentes é muito desigual, mesmo  entre irmãos. Cada um tem um ritmo.

Alguns ficam felizes com estas mudanças enquanto outros as odeiam. É doloroso perder um corpo infantil para ganhar outro, diferente, com novas formas .Repentinamente terão que conviver com uma nova estatura, novo porte e escutar os comentários sobre seu crescimento. A identidade infantil  será substituída pelo novo papel de adolescente e terá que se adequar ao o que a sociedade espera dele. Novas permissões ,novas normas novos valores  fazendo o jovem “passar a limpo” sua vida, se  reeditando em uma nova pessoa.

Os pais também se atrapalham, pois perdem a sua criança para ganhar um filho novo. O filho, por sua vez, descobre “novos  pais” que não são os pais idealizados na sua infância. Poderá ser um momento de crises em algumas famílias. São muitas mudanças e os pais e filhos podem demorar para lidar bem com elas.

O tempo irá passando e chegará à maturidade, que implica em ter uma nova postura frente ao mundo. As transformações acontecem em vários níveis:físico,emocional,afetivo,psicológoico,familiar,social,profissional,espiritual.Virá a noção de dever, disciplina, limites, domínio de instintos e temperamento(forma de ser) e respeito ‘as escolhas sociais e religiosas entre outras. Para a pessoa chegar neste patamar passará por uma educação. familiar diversificada.

Adoção e os símbolos natalinos

Estamos no período de NATAL. A palavra NATAL quer dizer nascimento e originou-se do latim. É uma festa sem fronteiras, o culto do nascimento, da ternura, da vida e da reflexão.

Em termos de ADOÇÃO também acontece um imenso NATAL quando nosso filho chega.

Antes do Natal temos o ADVENTO, isto é, antes da vinda, tempo de preparação e são representados pelos quatro domingos que antecedem o NATAL. As famílias enfeitam a casa, fazem orações, seguem suas tradições culturais…

O ADVENTO da ADOÇÃO também é a preparação, a espera pela vinda do filho. É uma longa espera que precisa ser muito bem preparada. Quarto? Roupas? Não. Isso faz parte mas fica para mais tarde. Preparar os adultos, frequentando os Grupos de Apoio, lendo, se informando, ouvindo depoimentos. Entendendo o que é ser pai/mãe e conhecendo as características das crianças nas diversas idades.

A ÁRVORE DE NATAL, normalmente o “pinheiro” árvore que cresce verticalmente, intermediária entre o céu e a terra. É a grande tradição do Natal. A lenda diz que Deus deixou o pinheiro com folhas ásperas, fazendo-o sempre se lamentar. Para reparar o mal e para que a árvore parasse de se queixar, tornou-o o único vegetal que conserva suas folhas no inverno e que pelo menos uma vez ao ano teria o brilho das luzes. Isso nos lembra a vida e a imortalidade.

Árvore lembra a vida, somos seus ramos e nossos filhos são os frutos. Teremos que ser, pais fortes, sábios, amorosos para que nossos frutos recebam nosso exemplo para saberem construir suas vidas.

As BOLAS COLORIDAS simbolizam as graças recebidas, representam os frutos da árvore da vida. As bolas refletem nossa imagem, nossas atitudes. Iremos refletir estas atitudes nos nossos filhos pelo exemplo de daremos.

Na nossa árvore de natal sempre existe uma ESTRELA na ponta. Representa a ESTRELA de BELÉM que guiou os reis magos até a manjedoura de Jesus. Somos estrelas na vida de nossos filhos?

As mesas natalinas normalmente tem VELAS que lembram a LUZ DIVINA. A chama cintila, serpenteia e ilumina. Assim também é a nossa vida familiar: momentos luminosos e outros que devemos alimentar com “sopros” para manter a direção e o caminho para nossos filhos.

O PAPAI NOEL lembra o pai bondoso, aquele que doa. Adoção é doação. O Papai Noel vive dentro de nossa alma representando o amor. Se é uma fantasia ou um ser mágico, é um ser capaz de unir a humanidade em torno de coisas boas: amor, ternura, paz, sentimentos, carinho e gestos.

Na infância de cada um existe um Papai Noel, com alegria no coração, esperança para a alma, com a vida como maior presente.

Somos nós, um presente para alguém?

O PRESENTE DE NATAL é uma tradição inspirada em Melchior, Gaspar e Baltasar que presentearam o Menino Jesus sendo uma expressão de nossos sentimentos por alguém. Muitas vezes os presentes substituem a atenção pessoal que deveria existir: dos pais em relação aos filhos. É algo para ser refletido por todos.

O PRESÉPIO foi montado pela primeira vez por S. Francisco de Assis, em 1223 nas região de Greccio, Itália. Montar o Presépio como “decoração natalina” nada significa. Deverá, sim, lembrar a FAMÍLIA. Família consanguínea, adotiva, só com pais, só com mães ou apenas um pai ou uma mãe, mas a família que se dedica para a construção de vidas.

O PRESÉPIO DE JESUS nos remete ao valor da simplicidade, docilidade, fé e esperança. O Presépio nos lembra a importância da família dedicada aos filhos pois a filiação é sempre um ato de desejo do adulto. Por isso a filiação é para sempre!

Que nosso NATAL seja abençoado!

Texto construído com auxílio do meu livro” Natal Especial” -Vozes. (Ver a capa em PUBLICAÇÕES—neste site)

Adoção e o dia da saudade

Na “coluna mensal” deste novembro vamos refletir sobre o que o calendário nos traz. Inicia com o “Dia de todos os santos” seguindo pelo dia de finados que prefiro chamar de DIA DA SAUDADE.

Saudades dos que partiram antes de nós ou simplesmente NASCERAM para outra vida. Acredito que assim é bem melhor.

No nosso dia-a-dia finalizamos algumas coisas e outras nascem nos trazendo sonhos e esperanças. Assim nasce a ADOÇÃO depois de finalizar um ciclo ligado geralmente com a descoberta da infertilidade ou esterilidade. Será um “dia de finados” na vida do casal. Mas será um tempo sem saudades das dificuldades passadas, das dúvidas, incertezas e decisões.

A Esterilidade ou infertilidade “doença quase sempre “intratável” pode estar presente em apenas um membro do casal e o outro precisa renunciar a sua fertilidade. Dói? Sim causa muita dor, revolta, medo, ansiedade, dúvidas. Instabilidade emocional, inferioridade, fracasso. Muitos casais até se isolam, não comparecem nas reuniões familiares onde podem ser cobrados por algo que não podem explicar. Tudo se assenta com o passar do tempo.

Descobrindo a impossibilidade de gerar surge outra questão: adotar ou não adotar? É uma decisão que não é a mesma para todos. Dúvidas, preocupação em satisfazer o parceiro, se forem casal. Discutir muito, conversar francamente e ver se serão capazes de exercitar a paternagem verdadeira.

Importante reflexão se faz necessária: desejam um filho ou apenas encobrir a infertilidade? A presença do filho adotivo irá lembrá-los da dificuldade de gerar? Isso irá repercutir na adaptação do filho e no sucesso do pós–adoção.

É a hora de se pensar na real motivação do casal (se casal). Luto mal elaborado, desejo de substituir o filho não gerado, sentimento de orfandade?

Adotar uma criança não é simples. Idealização excessiva em relação a este filho que precisará ser aceito são questões reais. O pretendente precisa desligar-se do filho não gerado para amar o que virá, renunciar a essa gravidez que não aconteceu ou à descontinuidade genética, reagir para assumir o papel de pai e não tornar a criança depositária de suas insatisfações.

O sonho de um casal é interrompido pela infertilidade ou esterilidade. Fase difícil, diálogo amortecido, ciclo natural esperado interrompido. A mulher eternizada pela ausência da barriga gestacional, o homem pela potência sexual ameaçada, identidades pessoais em conflito representando o ranço de uma época com educação machista. Encarar a realidade: somos todos seres que buscam a felicidade e tentam evitar o sofrimento. Ter coragem, determinação e desejo de encontrar um caminho para serem pais, no caso, a adoção.

Os pretendentes vivem um momento difícil, com sentimentos diversos desde insegurança, ciúme dos casais com filhos, alegria, confiança, tristeza na época de dia das mães, pais, decepção e amor. Será uma longa gravidez psicológica pela espera de um bebê envelhecido na instituição.

A adoção é um projeto de vida: planejado, incorporado em nosso ser.Com muita certeza e com consciência que terá conflitos e alegrias depois que o filho chegar.

Para que a filiação seja real, com sucesso, devem aceitar a ideia que “foram escolhidos” para serem pais pela via adotiva. Por isso o amadurecimento deste desejo é fundamental pois não há possibilidade de uma “arte final” para termos um filho ideal: filho que corresponda ao imaginário construído.

Adotar sem estar preparado, pronto, decidido, irá gerar estresse e o pós-adoção estará fadado ao fracasso. Seguir os passos necessários com calma. Lendo, conversando, analisando, preparando os familiares e amigos.

Os futuros pais tem o dever de se comprometer e cumprir o projeto assumido tanto os pais como o filho que chega tem uma história de vida anterior a esse encontro: um não poderá mudar o passado do outro mas poderão construir juntos o futuro.

Pra a construção de um futuro feliz será preciso que, se forem casal, um não esteja apenas contemplando o desejo do outro.

É preciso aceitar essa criança, filho, que não terá o desenvolvimento imaginado, que chega pela mão do Judiciário e sem manual de instruções. As descobertas mútuas serão diárias. Esses pais serão os responsáveis pela visão que a criança terá do mundo e ela se posicionará na sua vida conforme o que lhe foi transmitido.

Não existem impedimentos para serem pais. Todo ser humano deseja realizar-se plenamente, porém, a vida é um jogo com riscos e oportunidades Transformar o desejo abstrato numa realidade sólida e concreta dependerá dos adultos.

Para uma pós-adoção trabalhosa mas satisfatória, os pretendentes devem estar conscientes que irão construir a cidadania de uma criança, com disponibilidade de doar-se integralmente, atendendo as necessidades básicas e influenciando positivamente na vida desses que esperam ser filhos.

Muitos pretendentes se preparam com entusiasmo e sabedoria. Entendem que precisam ler sobre a arte de educar e sabem que serão modelos na vida do filho. A preparação deverá incluir a família extensa (avós, tios, primos, até os vizinhos) para que haja uma sintonia no projeto em pauta.

Este momento de decidir pela adoção e buscar o caminho para concretizar seu sonho é um momento de transformar a vida para uma nova fase de crescimento e construir um espaço psicológico para acolher o filho que virá!

(Texto construído com fragmentos do meu “PÓS-Adoção” – Juruá)

Afeto : mola principal no processo adotivo

Afeto e emoções estão ligados à nossa vivência pessoal e à percepção do que sentimos em determinadas situações. São expressados pela fisionomia, ritmo cardíaco, postura, gestos.

Afetos dão significados e nos preparam para uma ação, uma espécie de equilíbrio entre o corpo e o meio, surgindo de forma inconsciente. São percebidos pelas pessoas e nascem como resposta a uma situação ou contatos com outros.

Dar e receber afeto são combustíveis que nos orientam para a felicidade e segurança, proporcionam relações familiares saudáveis e equilibradas. É manifestação pessoal, não temos possibilidade de medir nem selecionar, é individual.

O afeto é a mola principal no processo adotivo, particularmente no pós-adoção. As memórias do que vivenciamos, observamos ou participamos vão se armazenando e formando nossos padrões comportamentais, tanto para os pretendentes como para o filho que passou pelas privações sociais.

Nós, seres humanos, comparados a outras espécies, nascemos desamparados, precisamos ser cuidados e nos desenvolvemos durante a infância e adolescência. Temos que aprender comportamentos, relacionamentos e controles educacionais diversos.

O afeto forma os eixos maiores que o grau de parentesco, pois não depende dos laços sanguíneos. Não existe a obrigação de amar o filho só porque nasceu de seu útero. A criança deseja e precisa ser o sujeito do afeto. Não sabe o que é família e amor familiar. O afeto é espontâneo, livre. O sangue é físico e o afeto é espiritual. Família sem afeto se desintegra totalmente.

No pós-adoção o afeto será construído e garantirá o sucesso da filiação, ao longo de um tempo de convivência. Serve para construir laços, dá potência ao relacionamento, se baseia nas atitudes dos que cercam o filho.

Nessa viagem adotiva, no depois que o filho chega, será preciso acolher, enfrentar, desenvolver uma relação afetiva para que a criança confie, acredite e se entregue totalmente.

Os problemas do desenvolvimento afetivo são observados na criança com dificuldade do sono, desobediência, não acompanham a rotina estabelecida, surgem as birras, ansiedade e conflitos familiares diversos.

A falta de afeto provoca danos no desenvolvimento da criança, traz instabilidade emocional. Por isso que as crianças, sendo bem adaptadas depois da adoção, geralmente se desenvolvem muito graças às vinculações afetivas e cuidados.

Criança e adolescente que busca aceitação “compra afeto” até com pessoas alheias à família, como na escola, dando seu lanche ou pertences para coleguinhas.

Os pais precisam acolher o filho, seja genético ou adotivo, dar atenção, usar delicadeza, evitar críticas. O amor se constrói no dia a dia, com ações, palavras, pequenos gestos. Se existe dificuldade, procurar ajuda terapêutica para corrigir os problemas de relacionamento afetivo familiar.

O mais importante será ‘sentir’ a criança ou adolescente, ter disponibilidade interior para amar e proteger, justamente os sentimentos que calcam ou suplantam os laços sanguíneos. Nada deverá ser mais importante que o sujeito que é o foco deste amor.

Depressão no pós-adoção

Os pretendentes lutam muito para conseguir adotar um filho: a organização dos necessários documentos, a preparação e a longa espera. Finalmente serão chamados. Que alegria!

A depressão após a chegada do filho nem sempre acontece e se ocorre não é revelada. Acomete geralmente a mulher. Como contar que estão angustiados se conseguiram o que mais queriam? Será essa uma das causas por que alguns interrompem a adoção?

Levinzon:

 

Na depressão pós-adoção, não há mudanças hormonais, mas pode acontecer que os pais tenham depositado tantas expectativas na chegada da criança que se sintam desanimados ou derrotados diante dos desafios diários de criar o filho recém chegado. Se isso acontecer, a ajuda de um profissional capacitado pode ser de extrema valia, ..tanto para a mãe…quanto para a criança… (p. 45)

 

O filho em casa e de hora para outra a rotina mudará. Leram muito, ouviram depoimentos e se surpreendem com a luta diária, com a mudança. O marido era o “xodó” da esposa e perde o lugar para quem chega. Se sentirá em segundo plano e poderá culpar a criança.

Licença-maternidade dos pais, tempo maior para a mãe que trabalha profissionalmente, onde é prestigiada, e agora irá ficar em casa atendendo o filho que a olha desconfiando, faz birra, chora. Outra pessoa poderá tomar o lugar dessa mãe na empresa? Seu novo diploma é ser mãe.

Junto com a alegria pela chegada do sonhado filho vem a insegurança. Seus medos afloram: poderemos dar conta de educar? Será que surgirão problemas emocionais ou genéticos? Quanta dúvida misturada com emoções gratificantes.

Se inicia um novo tempo: ansiedade da espera é trocada pela ansiedade da chegada. Quanta responsabilidade não prevista e imaginada: num um pequeno ser sob sua tutela.

Alguns pais não sentem amor imediato, não conseguem uma ligação rápida e se angustiam. O filho foi lhes indicado e talvez devesse ser o contrário: o filho escolher os pais pelo encontro do olhar. O amor é uma conquista, uma escolha.

Sentimentos contraditórios e confusos, particularmente da mulher, que pode ter dúvidas do seu instinto materno. Busca o apoio do marido, que já terminou sua licença paternidade e voltou para o trabalho. Sente culpa pelos seus sentimentos.

Os pretendentes tinham muita expectativa durante a espera e o filho que chega não correspondeu ao que esperavam. Preferiam menino, veio menina, queriam de três anos e veio de seis, sonharam com um príncipe ou uma princesa e chega uma criança real, diferente do que imaginaram. Fazem comparações com outras crianças da família, vizinhos, vem a frustração que não pode ser revelada para ninguém. O que fazer se não corresponde ao esperado? O que vão pensar deles?

Familiares questionam, dão palpites, fazem visitas inoportunas. Pais são pressionados e pressionam o filho. Descobrem que não são superpais, perdem energia, não tem suporte familiar e não buscam ajuda. Alguns acham que buscar ajuda demonstra fracasso, incompetência. Pelo contrário: solicitar ajuda demonstra o desejo da paternagem dar certo.

Tudo isso gera estresse, impaciência, exaustão, insônia. Há uma perda de humor e a resposta social é negativa. Depressão! Humor negativo, perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas, variação do peso para mais ou para menos. Culpa, vergonha, indecisão, fadiga, medo do desconhecido são sinais de alerta.

Muita emoção, muita novidade para aprender a lidar. Parece que haverá um surto! Tudo vem devido a expectativas, perda da rotina e falta de domínio das rédeas que antes mantinha tranquilamente.

Certas emoções básicas do ser humano ficam inconscientemente arquivadas, como a raiva da espera demorada, ansiedade, tristeza de ver que outros já receberam o filho, medo. Isso irá provocar o choro, cansaço e até a fome incontrolável (muitas novas mães engordam, enquanto outras emagrecem). O metabolismo se altera devido às mudanças externas sofridas. O cérebro fica entristecido e virá a depressão.

O importante é não esperar muito para a busca de ajuda, com humildade, com desejo de solução. Não se sobrecarregar, dar espaço para a criança que chegou e deverá se acostumar com a casa e seu ritmo. Ser flexível. É realmente um período de turbulência.

Os pais estão cansados de tanto esperar pela chegada do filho e quando esse chega se preocupam com o papel de serem pais.

Acordam para uma realidade tão esperada e quando acontece se assustam como se fosse um “ inesperado fato”.

Com a passagem do tempo tudo se acomodará. Será preciso investir no desejo para dar certo. Ir em busca de socorro adequado e rápido. Evitar acumular tensões e irritabilidade. Viver um dia após o outro. Todos adotantes enfrentam dificuldades, bem como todos os tipos de pais.

O filho será filiado e irá mudando com a idade e desenvolvimento e, principalmente, essa mãe angustiada será uma mãe de fato. O filho se insere na família, onde receberá um novo sobrenome. Nova história se constrói. Com os filhos gerados, biológicos, é a mesma coisa. Choram, desobedecem, desafiam, fazem birra, irritam e as mães se deprimem do mesmo jeito. Isso é vida e será sempre assim…

Referência

Levinzon,G.K.(2014)-“Tornando-se pais-a adoção em todos os seus aspectos”-SP-Casa do Psicólogo.

Ser Pai

Agosto chegando e traz junto a comemoração pelo “ Dia dos Pais” Inicio com as palavras dos pretendentes Sérgio e Isabel que sonham com a paternidade/maternidade.

GRÁVIDOS JUNTOS

“Perto dos sessenta anos, estou na fila para adoção. Eu e minha mulher combinamos ficar grávidos juntos. Não queremos uma gravidez comum, até porque não temos mais idade para isso; queremos uma gravidez envolvida e envolvente. Estamos assim há dois anos. A barriga da ansiedade vai crescendo. Contamos segundo a segundo e sofremos com as aflições da espera: o telefone que nunca toca, o convite para os finais de semana compartilhados que nunca chegam. Escolhemos nomes que ainda não são usados, roupas que serão vestidas, lugares da casa que serão preenchidos. Olhamos todas as noites no quarto da nossa criança a cama vazia, mas pronta e acalorada pelos nossos sonhos. Gravidez que é gravidez acontece dia a dia. O parto é agora, sempre e constante. Parimos amor e isso é o passaporte para a felicidade. O resto é vento”.

Pais-cr

Com a chegada de um filho se inicia um novo tempo: serão pai e mãe. Emoções fortes, alívio pelo final da espera ansiosa e demorada. Iremos nos amar? Tudo tem um tempo para acontecer. Dúvidas? Serão muitas. Medo? Sim, medo e incertezas chegam junto com o filho, mas com o passar do tempo virá a segurança.

A euforia inicial se transformará em preocupações, erros e acertos, descobertas, até choques com a nova realidade que surge. Exaustão e alegria se fundem. Se inicia a vida de pai e mãe… Para sempre!

Ou ainda Cardoso, V. L e Baiocchi, A. in Ladvocat e Diuana:

Tornar-se mãe ou pai por meio da adoção assemelha-se muito ao processo da gravidez biológica, mas com uma gestação de caráter focado no componente emocional. Seja na elaboração da decepção frente à descoberta da infertilidade, no desconhecimento sobre os procedimentos jurídicos, no enfrentamento de preconceitos e resistências de pessoas próximas, no medo do mito de que “todo filho adotivo é problemático” ou na necessidade de se conscientizar acerca dos processos e especificidades da construção da família adotiva. (p. 55)

Quem é esse PAI? A criança adotiva tem pouco contato com homens e até se assusta com esse indivíduo que será seu pai: um homem com voz grossa, barba, peito peludo e pés grandes.

Sentimentos e emoções se atropelam no coração desse indivíduo que tem seus limites pessoais e que agora é pai, genitor ou progenitor. Terá que gerar sentimentos de paternidade, ser forte, conselheiro e responsável por esse filho. Nova vida, novo colorido, nova visão.

Balancho, ao falar do ser pai hoje, nos brinda com seu pensamento:

Quando se é pai sem dar vida biológica – ao adotar uma criança ou ao receber num novo casamento os filhos da atual parceira – a sua função é aparentemente mais restrita, mas não menos importante. Centra-se, naturalmente, mais nos aspectos social, emocional e educativo, em detrimento do biológico. (p. 22)

Pai é a primeira pessoa mencionada na Santíssima Trindade: “Em nome do Pai e do…”. Quanta grandiosidade!

Sua figura é homenageada no segundo domingo de agosto, quando acontece o “Dia dos Pais”, desde 1953, data atribuída ao jornalista Roberto Marinho para incentivar o comércio e o faturamento do seu jornal.

A notícia mais antiga sobre um cartão para um pai, feito em argila, vem da Babilônia, feito por Elmesu.

O pai atual se entrega mais, se doa e está se libertando da antiga imagem de ser apenas o “provedor” da família. Já mostra suas emoções, participa, leva o filho para a escola, ajuda, é participativo, interage, se envolve, é disponível. Isso está confirmado por Balancho, (p. 51) “Deseja-se presente, marcante, reconhecido. Brinca, trata, dialoga, tudo faz para não ser um elemento externo à vida dos filhos”.

O pai precisa abrir espaço para entrar no coração do filho, terá que aprender a vivenciar seu novo papel. Tal como a esposa, está desgastado pela espera, pela fala jurídica, tem que ter persistência para conquistar e rever suas dúvidas.

Precisa estar preparado para amar e não poderá bruscamente “enquadrar” a criança em sua vida. Percorreu muitos caminhos e obstáculos para adotar e agora deve assumir o lugar real de pai. Terá que aprender a ser ouvinte, modelo de vida, estar atento, ter equilíbrio e disposição.

É apenas um ser humano que teve esperanças e não poderá exigir que seu filho o compense pelos seus possíveis fracassos, nem esperar que ele siga seus passos profissionais.

Os pais não são “amiguinhos” dos filhos, serão pais. Servem para a manutenção do relacionamento familiar, de respeito, confiança presença, paciência e muitas coisas mais. Bons pais não são os mais ricos, os mais estudados, mas aqueles generosos, verdadeiros e que oferecem segurança afetiva aos filhos.

O amor dos pais não é instintivo. Precisa de conquista, investimento diário, aprendizagem, ousadia e enfrentamento do imprevisível.

Sim. O tempo passará. Os filhos crescem e se temos um diálogo saudável na infância ele se prolongará vida afora. Haverá saudades e pelo meio do caminho, quando eles serão adolescentes, nós seremos os que nada sabem e os faremos “pagar os micos”. Foi assim e sempre será!

O filho que chega pela via adotiva não sabe o que é pai e mãe. Para muitos é apenas o “nome” desses adultos, que serão responsáveis por ele. A criança não tem a imagem real do significado e do papel do que é isso.

Os pais devem estar disponíveis para acolher o filho.

Esses novos pais, novos por acabarem de receber o filho, embora na idade real os pais adotivos nem sempre o sejam. Hamad (p. 69), “Depois de uma montanha de anos, o investimento do casal numa criancinha é vivido como um nascer de sol, enfim, como um projeto que vem, de repente, reconciliar com a vida”. Segue dizendo (p. 78) “Há o filho que os pais teriam querido ter, aquele que se teria querido ser, ou não ser, aquele que se desejaria, ou, ainda, aquele de que a esterilidade nos priva”.

Os candidatos à adoção devem ter “uma ideia do lugar que a criança é chamada a ocupar na economia psíquica dos futuros pais” –Hamad (p. 79). Devem entender que as dificuldades existem e isso não significa desistir de seu papel. Terão que lidar com as sequelas dos sofrimentos passados pelo filho, oferecer um coração compreensivo e apoiar.

Superar os problemas com firmeza, paciência e amor. Nada se resolve rápido, num passe de mágica. A mudança de vida, com a vinda do filho, é radical.

Muitos pais adotivos recebem pressão externa sobre sua função adotiva, enfrentam comentários, olhares direcionados para o “filho diferente”. Não se preocupar com as opiniões alheias. Filtrar. Se for preciso, buscar ajuda de profissional qualificado.

Há pais que se ocultam, encobrem seus sentimentos de dúvidas e dificuldades no início da vida adotiva. Ficam temerosos, acham que serão julgados e não procuram auxílio.

As crianças, agora FILHOS, não sabem se comunicar. Sua linguagem é formada por vocabulário pobre e somatizam suas emoções: adoecem. Expressam seus conflitos com dor de barriga, ouvido, garganta e têm pesadelos.

Pais: olhem para seus filhos. Sorrir, cativar, estimular. Aprender a ler a linguagem gestual e o silêncio. Ter sempre a mão estendida para abraçar e o coração aberto para captar e demonstrar amor. Tornar-se pais é gratificante e ao mesmo tempo difícil: educar um ser ainda frágil e concorrer com uma sociedade repleta de assombrações como a droga, a sexualidade doente (DST, HIV e comportamentos sexuais precoces), a violência e incertezas.

Referências

Balancho, L. S. (2012). Ser Pai Hoje – A Paternidade em toda a sua Relevância e Grandeza. Curitiba: Juruá.

Hamad, N. (2002). A criança adotiva e suas família. Rio de Janeiro: Companhia de Freud

Ladvocat, C., & Diuana, S. (2014). Guia de Adoção – no Jurídico, no Social, no Psicológico e na Família. São Paulo: Roca

Adoção de Crianças Maiores

Numa pesquisa que realizei junto aos pais que adotaram uma criança maior e que foi publicada no “Adoção: exercício da fertilidade afetiva”, Paulinas, 2008, pág 60, e por acreditar estar atual, repasso.

1-Dificuldades percebidas nas crianças:

  • Consciência e memória do passado;
  • Marcas evidentes da vida já vivida;
  • Provocação para testagem – “Vou voltar para o abrigo” ou ”Você não é minha mãe”.
  • Possibilidade de ter sido devolvida;
  • Agitação, nervosismo;
  • Indefesa;
  • Vulnerável;
  • Instabilidade emocional;
  • Rupturas afetivas;
  • Grande carência;
  • Dor por não estar na família de origem;
  • Sentir-se rejeitado;
  • Dificuldade de adaptação escolar;
  • Vocabulário fraco e errôneo;
  • Solidão e isolamento;
  • Não tem apego a pessoas e seus pertences;

2-Sobre o passado da criança:

  • Frustração e revolta;
  • Traumas e medo;
  • Desconhecimento de afeto não amou e não foi amado;
  • Baixa autoestima;
  • Perda da infância na Instituição;
  • Falta de estímulos educativos;
  • Passado triste não impede nova adaptação;

3-Nos primeiros contatos percebe-se:

  • Carência afetiva;
  • Frustração pelo abandono;
  • Insegurança e ansiedade;
  • Diferentes hábitos e valores;
  • Não sabe o que é família (pois nunca teve família real );
  • Esforço para agradar;
  • Esforço para se identificar;
  • Não sabe como reagir aos estímulos positivos;
  • Gestual de defesa;
  • Sentimento de menor valia;
  • Baixa autoestima;
  • Necessidade de maternagem (colo…);
  • Conservação dos hábitos do abrigo;
  • Esforço e desejo de integração;

4-Reação da família extensa (avós, tios, primos)

  • Preocupação com os pais da criança;
  • Vê o filho adotivo como um intruso;
  • Vocês são corajosos!;
  • Medo da saúde: “é doente?”;
  • Será que tem “boa cabeça?”;
  • Preocupação com a herança da família adotante (bens materiais);
  • Espanto pela adoção de “criança tão grande!”;
  • Naturalidade;
  • Aceitação total;
  • “Apaixonamento posterior”;
  • Desejo de ajudar na integração;
  • Esquecimento que a criança foi adotada (aceitação);

5-Emoções da criança em relação ao abrigo:

  • Saudade das pessoas da instituição;
  • Manifesta desejo de retornar à instituição (para provocar);
  • Desejo de rever os amiguinhos;
  • Sente receio de voltar para a Instituição;

6-Em relação ao passado quando a criança comenta alguns fatos, os pais devem:

  • Ouvir atentamente, deixar falar;
  • Dar suporte emocional;
  • Demonstrar compreensão e afeto;

7-Necessidade da ajuda de um psicólogo:

  • Depende de cada criança;
  • Depende da idade e da vida pregressa;
  • Sim – pais não sabem interpretar os sinais apresentados pelo filho;
  • Sim – para ajudar a criança e os pais;
  • Sim: para melhor entender o filho;
  • Sim – para ajudar enfrentar preconceito;

8-Papel dos pais:

  • Cativar e conquistar;
  • Estar disponível afetiva, emocional e temporalmente;
  • Demonstrar aceitação;
  • Se esforçar para compreender o filho;
  • Ajudar na reconstrução de sua vida;
  • Não demonstrar estresse;
  • Evitar tensões;
  • Controlar a ansiedade e insegurança pessoal;
  • Ter serenidade;
  • Mostrar, aos poucos, as regras da casa;
  • Pensar no que e como fala;
  • Trocar a importância da genética pelo amor;
  • Respeitar as reações da criança;
  • Lembrar que a criança já tem sua personalidade;
  • Relacionamento se constrói na convivência diária;
  • Não passar problemas pessoais para o filho;
  • Não se preocupar com a aparência (não correr para o “cabeleireiro”);
  • Aceitar as particularidades do filho;
  • Dar limites claros e aos poucos;
  • Ser paciente;
  • Prestar atenção no histórico do filho;
  • Lembrar que, por debaixo de uma aparência insegura existe o desejo da criança de ser apreciada e amada;

9-Mudanças que ocorrem nas crianças com a convivência familiar:

  • Eleva a autoestima;
  • Desejo de mudar sua biografia;
  • Inaugura um novo nascimento;
  • Melhora no vocabulário geral;
  • Melhora a saúde física e mental;
  • Resgate da capacidade de amar;
  • Capacidade afetiva reestruturada (confia,demonstra sentimentos);
  • Exercita novos direitos;
  • Gratidão;
  • Aprendem a escolher e pedir;
  • Aprendem a se vestir com bom gosto;
  • Melhora o humor;
  • Aumenta o peso;
  • Demonstra medo de voltar para a Instituição;
  • Melhora o aspecto físico;
  • Assimila os comportamentos da família;
  • Integração no seio familiar;
  • O amor cicatriza feridas…
  • Olhos brilham…
  • Sorriem mais…

Adoção: Almas Unidas

Adotar é vincular a sua vida com outra vida. É unir almas. É acolher. É romper histórias, vencer obstáculos e preconceitos: superação!

É um ato repleto de alegria, emoção, fé e esperança. É um encontro de desejos: do pretendente e da criança que se transformará em FILHO. Esses desejos regidos por compromissos e construções. É irreversível, irrevogável, permanente.

Adotar não é para salvar uma criança e nem para resolver problemas dos adultos. São vidas e histórias que se fundem exigindo investimento emocional, boa vontade, determinação para construir um vínculo permanente. Por isso os adultos devem refletir muito para evitar rompimentos no pós-adoção.

Por isso adotar é uma construção rodeada de medo, insegurança, dúvida. Por outro lado, é um universo repleto de esperança, força e amor. É motivado pelo desejo e afeto, mas concretizado pelo direito de ser cidadão. Há dor e sofrimento de ambas as partes envolvidas, ato bilateral, com vitória afetiva sobre a origem genética.

Andrei (p. 89) coloca que “Ninguém jamais adotou uma criança feliz. Eles, sem exceção, são retratos vivos dos mais pungentes dramas”. Como esses futuros pais irão lidar com essas situações? Como desejar que essa criança tenha, de imediato, uma resposta satisfatória, comportamento adequado? É um exercício constante de amor, dedicação e paciência.

Adoção é um conceito profundo, responsável e que exige concordância familiar na decisão. Que lugar essa criança irá ocupar na família? Será apenas mais uma pessoa no círculo familiar? Será uma criança ou um filho? Neto? Primo?

Adoção: filho para sempre, sem laços sanguíneos, com mistérios, desconhecimentos, formando encontros e ligações pelo caminho da vida.. Deverá ser um desejo real, com atitude adotiva, afeto, empatia e disponibilizar a oportunidade para um encontro com quem será o esperado filho.

Adotar não é apenas um ato jurídico. Há sentimentos, obstáculos, sofrimento, momentos difíceis e exige libertação mental de mitos, conceitos e preconceitos. O adotante deverá ser o gestor de sua mente, desenvolver resiliência, reciclar suas angústias, dúvidas e matar seus fantasmas.

A adoção será ótima para a criança se for boa para os pais. Pais sentindo-se pais para a criança sentir-se FILHO, pois estará entrando numa família onde não nasceu e completando o núcleo familiar.

É ato jurídico definitivo não gerado pela natureza biológica e que transformará pessoa ou casal em família, trazendo esperança e compromisso. Para isso será necessário maturidade, disponibilidade psicológica dos adultos para acontecer uma convivência saudável.

Adotar é um encontro de almas que viveram (ou ainda vivem) os sofrimentos que permeiam os dois lados, do adotante e do adotando, e esse encontro deverá levá-los para uma construção familiar segura e feliz.

Adoção é apenas um processo que os pais enfrentam para serem pais e a criança para se tornar FILHO. Como diz Laroche (p.76) “A adoção ocorre antes, depois temos um filho como os outros”. Simples, só não esquecer disso.

É o que sempre dizemos nos cursos aos pretendentes: não espere a chegada de uma CRIANÇA. Espere a chegada de um FILHO!

Antes de ser Mãe

Maio é mês das MÃES.

Maio também é o mês da Adoção.

Sendo mãe pela via consanguínea ou adotiva, a mulher é MÃE.

É aquela que constrói vidas.

Por isso a homenageio, transcrevendo o texto a seguir.

ANTES DE SER MÃE

Antes de ser mãe, eu fazia e comia os alimentos ainda quentes. Eu não tinha roupas manchadas, tinha calmas conversas ao telefone.

Antes de ser mãe, eu dormia o quanto eu queria. Nunca me preocupava com a hora de ir para cama. Eu não me esquecia de escovar os cabelos e os dentes.

Antes de ser mãe, eu limpava a casa todo dia. Eu não tropeçava em brinquedos e nem pensava em canções de ninar.

Antes de ser mãe, eu não me preocupava se minhas plantas eram venenosas ou não. Imunizações e vacinas, então, eram coisas em que eu não pensava.

Antes de ser mãe, ninguém vomitou e nem fez xixi em mim, nem me beliscou sem nenhum cuidado com dedinhos de unhas afiadas.

Antes de ser mãe, eu tinha controle sobre minha mente, meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos. E dormia a noite toda.

Antes de ser mãe, eu nunca tive que segurar uma criança chorando para que os médicos pudessem fazer testes ou aplicar injeções. Eu nunca chorei olhando pequeninos olhos que choravam. Nunca fiquei gloriosamente feliz com uma simples risadinha, nem fiquei sentada horas e horas olhando um filho dormindo.

Antes de ser mãe, eu nunca segurei uma criança só por não querer afastar meu corpo dela. Eu nunca senti meu coração se despedaçar quando não pude estancar uma dor. Nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina pudesse mudar tanto a minha vida e que pudesse amar alguém tanto assim. E não sabia que adoraria ser mãe.

Antes de ser mãe eu não conhecia a sensação de ter meu coração fora do meu próprio corpo. Não conhecia a felicidade de alimentar uma criança faminta. Não conhecia este laço que existe entre a mãe e seu filho. E não imaginava que algo tão pequenino pudesse fazer-me sentir tão importante.

Antes de ser mãe eu nunca me levantei a noite toda, a cada 10 minutos, para me certificar de que tudo estava bem. Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor, a dor e a satisfação de ser uma mãe. Eu não sabia que era capaz de ter sentimentos tão fortes. Por tudo e apesar de tudo, obrigada Deus por eu ser agora um alguém tão frágil e tão forte ao mesmo tempo.

Obrigada Deus por permitir-me ser Mãe!

(Texto de Silvia Schimidt)

Família

Em tempos em que se discute o Estatuto da Família, coloco na COLUNA MENSAL alguns comentários:

Nos dicionários encontramos a definição de família como sendo um conjunto de pessoas aparentadas, que vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.

A família constituída pela adoção é diferente: marido e esposa não são parentes e os filhos que chegam também não. Mas são família !!!!

Frase do papa Francisco sobre família-“ A família é o elemento essencial para todo e qualquer progresso humano e social sustentável”.

Na publicação feita pela CONANDA, (p.108) temos :

“Família refere-se não apenas ao grupo formado pelos pais ou qualquer um deles e seus dependentes, mas, aos diferentes arranjos familiares resultantes de agregados sociais por relações consanguíneas ou afetivas, ou de subsistência e que assumem a função de cuidar dos mesmos”.

As famílias contemporâneas são formadas por um casal tradicional, ou só pai, ou só mãe, ainda pai-pai  ou mãe-mãe, nestes casos por adoção.  O importante  será o pertencimento do filho e a construção de sua identidade individual e social. Estas novas configurações familiares rompem com o fator consanguíneo e se estabelecem alianças numa parentalidade afetiva. É a família eudemonista, isto é ,busca a felicidade nos laços de afeto.

Barros,S.R. in Cápua (p. 54) trata desta questão do afeto: ”Da família ,o lar é o teto, cuja base é o afeto. O lar sem afeto desmorona ,nele a família se decompõe. Por isso o direito ao  afeto constitui – na escala da fundamentalidade – o princípio dos direitos humanos operacionais da família, seguido pelo direito ao lar,  cuja essência é o afeto”.

A família nuclear mudou. Aquela tradicional que transmitia a vida, o nome patronímico e mantinha um patrimônio se transformou e atualmente vale é o sentimento de “pertencer” á uma família.  Vemos  ainda a grande procura por casais desejando  tratamentos revolucionários, fertilizações assistidas devido a valorização da família consanguínea.

A família é um conjunto de atores que formam um ninho ou um núcleo fundamental da sociedade. O ideal seria que este grupo fosse capaz de proteger, cuidar, apoiar e desenvolver o potencial de seus filhos, o que nem sempre acontece.

O grupo familiar é um espaço ideal para a criança aprender, crescer, resolver suas necessidades e receber o nutriente afetivo para ser feliz. É também um lugar onde ocorrem conflitos e se somam incompreensões se tornando uma referência imperfeita para os filhos.

  A felicidade familiar está na simplicidade, nos momentos especiais, numa conversa, tudo em pequenas doses diárias. Nada é contínuo. São períodos ocasionais que devem ser aproveitados com tranquilidade .Sorrir . Abraçar. Ter rituais particulares, muito companheirismo e cumplicidade.

Vamos pensar no filho que chega na família  pelo processo adotivo. Nesta família irá formar sua nova hereditariedade social ou ambiental. Será o lugar onde deverá superar o abandono sem que este seja negado. É o lugar de conquistar dignidade.

A família irá transmitir sua cultura, estimular, colocar estímulos  vindo pelos pais ou parentes. Uma criança não é adotada por uma ou duas pessoas mas por uma família toda. O filho será plasmado pelos familiares e ali será inscrito na linhagem ascendente e descendente..

Para que haja sucesso no relacionamento familiar, entre os pais e os filhos será necessário

  • Que estes pais vivam bem, sejam companheiros e cumplices na sua vida conjugal (sejam heteros ou homoafetivos);
  • Que usem a mesma linguagem na comunicação com os filhos.Um diz sim outro diz não e a criança fica confusa.Entrem num acordo antes;
  • Sejam claros e afetivos;
  • Disponham de uma presença familiar de qualidade;
  • Brinquem com os filhos pequenos;
  • Usem do diálogo franco e amistoso;
  • Aproveitem a criança enquanto ela é criança. O tempo passa, eles crescem e deverão seguir suas vidas tal qual os pais fizeram.
  • Boa Sorte !

Referências:

Cápua,V.A (2009)-“ Adoção Internacional-procedimentos legais”-Juruá.

Conanda-CNAAS (2009)-“ Orientações Técnicas-Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes”-Brasília.

Pauliv de Souza-“(2015)-“ Pós-Adoção”-Juruá