“Ame. Pois o amor é fundamental. Tenha sempre alguém ao seu lado no caminho, pois como dizia o poeta: ”É impossível ser feliz sozinho”.
Anônimo.
Na adoção de crianças com necessidades especiais há necessidade de um ambiente familiar afetuoso, preparado para receber esta criança que precisa de ajuda para se desenvolver.
Os pais devem estar cientes de seus limites ( como adultos que são) e conscientes que terão que oferecer cuidados diferenciados, pois são crianças com problemas neurológicos e emocionais ou ainda com distúrbios de aprendizagem. São crianças soropositivas, com síndromes, problemas auditivos, motores, visuais, problemas ortopédicos, cardiopatias, sequelas de sífilis, de maus tratos além de desnutrição. Exigem cuidados permanentes, cirurgia, medicação, enfim investimentos de toda natureza. É um grande desafio!
Estes pais precisarão aprender muito sobre a dificuldade do filho, seja nos aspectos de tratamentos como no comportamento que deverão ter com a criança. Muitos precisarão de fisioterapia especial, estimulações diversas e ainda lutar com dois preconceitos: adoção e deficiência.
A criança com Síndrome de Down tem consciência que é diferente. É importante que os pais expliquem o que é isso e mostre a ela que todas as pessoas tem diferenças e particularidades .
Neste caso em especial, será preciso praticar atividades que desenvolvam coordenação motora, equilíbrio, postura, orientação espacial e ritmo. Quanto mais cedo se iniciar um trabalho para o desenvolvimento, melhor será.
Atualmente existem programas escolares onde se pratica a “inclusão” dando oportunidade de entrosamento e a convivência com a diversidade.
O jovem especial o será em algumas áreas. O corpo é igual ao de todos. Se tem uma deficiência mental não a terá na sexual. Deverá ser orientado neste sentido.
Estas adoções são chamadas “adoções necessárias” e se realizam por pessoas que percebem “a criança com necessidade” como uma oportunidade de se doarem e se realizam com os lentos progressos do filho, uma conquista diária. Terão que lutar muito contra os preconceitos, a falta de recursos e os obstáculos que surgirem.Com dedicação algumas deficiências melhoram e até se tornam reversíveis.( depende de cada caso).
A boa parte destas crianças são vencedoras , pois com o apoio dos pais e o amor conseguem recuperação. Já vimos, pessoalmente, crianças soropositivas (portadora de HIV) que negativaram, isto é, se recuperaram , deficiente visual que ocupa cargo em empresa de grande porte como tradutora por dominar vários idiomas e outras com problemas neurológicos severos que certamente iriam ao óbito, estarem bem graças à dedicação dos pais.
Quando as crianças soropositivas se têm pais, eles estão também doentes. “Nada se compara a uma criança abandonada pelos seus pais, que morreram contaminados pelos vírus da AIDS e deixaram para outras pessoas a tarefa de cuidar deste pequeno ser” SANTOS (1996-p. 73).
No atual momento existem muitas crianças portadoras de HIV. Os pretendentes deverão ser informados da situação pois haverá um investimento emocional e se não houver consciência dos pais poderá ocorrer rejeição e novo abandono. Contudo, nos casos em que este tipo de adoção acontece adequadamente, percebemos que os pais realmente decidiram e se disponibilizaram a cuidarem do filho especial, embora saibam que o futuro poderá ser difícil. Este gesto contribui para tornar a vida da criança mais feliz e emocionalmente saudável, além de conviver com o preconceito social frente aos portadores desta doença.
Convém lembrar que muitas pessoas em perfeito estado de saúde física e mental poderão se transformar em especiais devido circunstâncias de vida como acidentes, contágio por HIV, cirurgias, uso de álcool, drogas entre outras causas.
Nas paraolimpíadas , vemos pessoas com vários tipos de dificuldades disputando várias modalidades de esportes. Vemos atualmente pessoas em cadeiras de rodas participando de números artísticos no teatro, balé e trabalhando com informática mesmo sem visão .
Utilizo uma frase de HAMAD (2002, p 141), sobre a criança portadora de necessidades especiais, que considero muito verdadeira e ao mesmo tempo muito difícil de compreendermos: “Acolher uma tal criança consiste em reconhecê-la como sujeito tanto do desejo de alguém que a aceita como ela é quanto em seu desejo de criança que aceitou o risco de viver nas condições difíceis que são as suas”.
Ele prossegue ( p 142)-“A adoção de crianças com particularidades exige muita disponibilidade, muito trabalho e muita confiança, mas essa confiança, quando é concedida ao sujeito que está chegando, se constrói no dia-a-dia em função do vivido dos parceiros envolvidos pela adoção, não em função de um projeto que se considera absolutamente viável “.
São palavras de SCHUEPP (in FREIRE, 1994, p.227) : “A realidade nos ensina que essas adoções , desejáveis e possíveis, estão praticamente reservadas a famílias que dispunham de estrutura financeira, emocional e moral privilegiada. O meio cultural em que a família adotiva vive com seu filho deficiente, é fator importante. Parentes, vizinhos, o próprio sistema educacional e religioso, ou contribui ou dificulta o desenvolvimento dos laços paternais, com o filho adotado, ao ponto de tornar, em certos casos, impossível a adoção”.
DEPOIMENTO
Eu, Maria e meu marido, já próximos dos 50 anos, com três filhos criados e credenciados a condição de avós, fomos surpreendidos por um especial acontecimento Como um facho de luz que surge de repente, entra em nossas vidas um cidadão exigindo imediata atenção, cuidados, e principalmente necessitado de muito amor. Em nenhum momento houve qualquer dúvida de que este fazia parte de nossas vidas. Iniciava-se uma experiência maravilhosa, sermos pais de uma criança especial, e, como em outros casos, também mostrar a sociedade que, embora todas as dificuldades que envolvem um pequeno ser, comprometido pelo vírus HIV / AIDS, nada impede que a esperança, unida a todos os cuidados específicos permitam o milagre da sobrevivência.
Nosso filho é portador do vírus HIV, mas temos a convicção de que, nosso amor, aliado aos cuidados da medicina moderna, permitirá seu crescimento saudável e seu ingresso na sociedade com equilíbrio. Hoje, com nove anos, F…. é inteligente, educado e feliz, nos passando a certeza de um futuro brilhante, pois, para nossa família, foi e sempre será nossa “Alegria de Viver”.
Maria