Papel dos Avós

A vida atual trouxe mudanças nas famílias e com isso o papel dos avós não são como eram no passado.

Vemos avós assumindo o papel dos pais que por compromissos profissionais contam com a ajuda dos seus pais para cuidarem dos seus filhos. Muitos avós já aposentados, por terem uma renda fixa, embora pequena, ajudam economicamente os filhos desempregados.

Os avós levam os netos para escola, para aulas especiais, apoiam e aprendem a nova tecnologia com os netos. É uma nova realidade social.

Os pais não devem considerar os avós como “babás” dos netos. São disponíveis, brincam e levam a fama de “estragar” as crianças. Dão amor, são pacientes, passam as lições de vida, resgatam as histórias familiares, mas também precisam viver seu tempo de forma plena.

Há exceções: avós ausentes! Dizem que já fizeram a sua parte e fazem visitas ocasionais. Ainda há avós que tem vida profissional ativa e com isso seu tempo é limitado.

Ao avós tem o papel de socializar a família.Com o envelhecimento podem vir comprometimentos com a saúde e o final dos ciclos se fecham. Por isso, tanto os filhos como os netos devem conviver sadiamente com estes seres chamados de “experientes”.

 

Este texto circulou na internet e compartilho por aqui. O autor é Fabrício Carpinejar
“A educação vem dos avós


Os filhos só vão respeitar os pais se respeitaram os avós. Só serão educados, só não farão birra e chantagem, choro e culpa, se souberem conviver com os avós.
Sem o contato com outra geração mais velha, serão apenas mimados e briguentos, farão algazarra na mesa e baterão a porta do seu quarto.
Quem define a educação não são os pais, mas como os pais honram os seus pais e como inspiram os filhos a se comportarem com os pais dos pais.
Esse é o ponto de conversão, o espelho necessário.
Os presentes e os cuidados, os afetos e o tempo concedido não definem um relacionamento saudável de filiação.
Quem é um bom neto será um bom filho. A ordem não pode ser mudada. Porque a criança aprenderá a ouvir aquele que veio antes, a se importar com as lembranças familiares, a obedecer ao ritmo da idade e da calma. Entenderá o que é falar depois de ouvir, o que é amar depois de fazer. Terá paciência para caminhar mais lento e a suportar infinitas versões de uma mesma história. Perderá o egoísmo da pressa. Verá que as pessoas envelhecem e precisam de cuidados maiores. Verá que a gentileza não é uma formalidade, porém um modo de preservar a rotina.
Com os pais, os filhos são direitos. Com os avós, reconhecem quais são os seus deveres.
Nada mais generoso do que assistir televisão com os avós e testemunhar as risadas de piadas incompreensíveis para a nova geração, para se afastar um pouco do celular e reassumir o valor da presença diante da mesquinharia das ilusões. Nada mais terapêutico do que perguntar o que significam palavras antigas.
A avó e o avô funcionam como antídotos contra a gritaria e as ofensas.
Criança que ajuda os avós certamente cederá o lugar no ônibus e carregará as sacolas do supermercado de uma estranha na rua. Pois sempre se lembrará daquele que gosta e tem mais vulnerabilidade.
Filho que apenas fica com os pais é abusivo, mia e chora por qualquer coisa, não obedece, não diz obrigado, cabulam as tarefas, acha que mora num castelo com a obrigação de ser servido e que todo mundo é eterno. Já filho que divide uma noite com os avós conhece o que é saudade e teme a morte.
Não vai colocar a sua vontade em primeiro lugar, já que perceberá a necessidade majestosa dos mais idosos. Manterá em si um pouco do temperamento de enfermeiro e de cuidador por toda a vida. Mesmo que os avós não estejam mais entre nós, existe a memória deles, que permanece sendo uma permanente tutoria.
Foi com os avós que me doutorei no meu silêncio, acompanhando o nono na pescaria e esperando fisgar um peixe durante horas de observação do lago, que descobri o valor de um bolinho de chuva no meio da tarde e a arte de montar a pirâmide de lenha na lareira, que assimilei a importância de vestir um pulôver, tricotado pela nonna, mesmo que seja para caminhar pela sala.
A educação é filha do amor, mas neta do respeito.”

Luto pela falta gestacional

Luto Falta Gestacional

O luto ou tristeza profunda é uma resposta que ocorre após alguma perda significativa trazendo reações (emocionais, comportamentais, sociais e físicas), fazendo com que o indivíduo tenha respostas diversas até encontrar a acomodação da situação, isto é, quando aceitar a realidade. Sua duração dependerá da estrutura pessoal dos envolvidos; há os que enfrentam e os que simulam sua aceitação.

Com a descoberta da infertilidade ou esterilidade vem a desilusão, negação, haverá a busca de tratamentos, gastos financeiros, e até possível depressão. Os envolvidos nem sempre gostam de dialogar sobre o assunto.

O processo da elaboração desta etapa passa por situações de isolamento, enfraquecimento emocional, raiva, negação, enfrentamento da indelicadeza, de questionamentos, múltiplas consultas médicas e silêncio. Depois virá a aceitação e adaptação.

A ajuda de um profissional da área psicológica os ajudaria falar sobre seus sentimentos, os aliviaria. É um momento adequado para aumentar a autoestima e pensar em possibilidades.

O luto poderá ser intensificado por questões anteriores, por problemas antigos, bloqueios na juventude, personalidade e a descoberta da esterilidade os fazem reviver situações anteriores de vida. Quando aceitam, elaboram o luto, sentem-se livres.

O luto será elaborado após grande reflexão mental, com ou sem ajuda terapêutica, Alguns têm grande poder de tolerância e aprendem lidar com a situação, reconhecem a existência de novas possibilidades. O aquietamento emocional trará um novo período ocupando o pensamento: e agora? Como seguir a vida? Que caminho tomar? Chegou a hora de escolher uma alternativa possível para continuar a vida.

Não adianta nada se esconder ou esperar a crise passar.Temos que ser realistas, aproveitar as oportunidades (adoção), e descartar os obstáculos, superar, recomeçar, aprender, evoluir, ter atitude.

Se o luto seja ele qual for não for resolvido, ele viverá para sempre. Será necessário reaprender a viver entendendo que a adoção não é um paliativo da infertilidade ou esterilidade.

Lembramos que a adoção não fará o luto desaparecer. Adoção não é remédio!Mas se deseja ter uma família e não consegue pela via natural por que não a formar pela via adotiva?

 

Se a esterilidade for masculina, em geral o conflito será maior, pois culturalmente o homem é educado para a virilidade. Em alguns casos a mulher passa se considerar superior a ele , o casal que se desestrutura, precisa de apoio.

A gravidez de quem espera um filho pela via adotiva pode durar anos.  Tornam-se grávidos de um útero não gestacional. A espera é angustiante, depressiva.

Filho não é a solução e nem serve para acalmar a inquietude. Ele não poderá chegar à família com a responsabilidade de manter um casamento, acabar com a solidão ou monotonia. Será um compromisso para sempre.

As dificuldades que enfrentamos na vida nos tornam fortes ,melhores e também mais humildes  e compreensivos.

Família de Mentira

Minha família é formada pela via adotiva e já me disseram que ela é uma família de mentira. Entre os muitos preconceitos   sofridos, este é novo e me fez pensar : o que é uma família de verdade?

Família de verdade  deve ser aquela onde existe vínculos de cumplicidade, de amor, de harmonia, de bem-querer, de respeito.

Família de verdade é aquela onde  um deseja saber  se o outro está bem, se precisa de algo, se está feliz. Onde um se preocupa com o próximo, onde procuram se reunir, rir juntos e chorar também ,se isso for preciso.

Família de verdade não precisa ter o mesmo sangue. O que adianta ter a mesma genética e não se entenderem? Não se respeitarem? Não se ajudarem?

Família de verdade tem saúde mental, união, companheirismo  !

A minha família de mentira ( adotiva) é engraçada: nos reunimos sempre, viajamos juntos, nos vemos praticamente todos os dias. Nos entendemos , somos aliados, cumplices e não temos nada de biológico. Somos um grupo animado, adultos e crianças se curtindo sempre.

Existem muitas famílias chamadas  “de verdade” ( por terem o mesmo DNA) mas não tem o DNA da alma .Ter o DNA da alma é se amarem  em todos os momentos. Se perdoarem se houver necessidade, se ajudarem se faltar algo, se apoiarem e contarem uns com os outros.

Família de mentira( mesmo com o mesmo DNA ) é aquela em que um não sabe onde o outro está, a que horas chega em casa, não se respeitam ,não se apoiam. Na família de mentira o diálogo verdadeiro é substituído pelas mensagens via celular, onde ver as postagens são mais importantes do que  quem está ao seu lado. Simplesmente vivem sob o mesmo teto, quando vivem!

Na família de mentira os idosos,  que estão no final da vida, não recebem atenção carinhosa. As pessoas desejam ser amadas em qualquer idade e devemos amar enquanto temos chance de expressar sentimentos. Um corpo gelado não precisa de visitas.

Na família de verdade as pessoas se olham nos olhos, aproveitam a vida enquanto vivem e usam os braços para abraçar. É bem termos um ombro onde encostarmos a cabeça  e termos corações unidos.

Família de verdade continua alimentando o afeto, aceitando o outro, sendo  amigo e praticando o bem.

Há famílias de verdade que são “ verdadeiras famílias de mentira” onde predomina a negligência ,os maus tratos com os filhos ,sem união e bem querer. Apenas escrevem o mesmo sobrenome porque assim  está no seu registro civil. O registro emocional  não existe.

Mas… se for uma família adotiva… ahn… é família de mentira. No entanto é uma família bem verdadeira onde os pais “desejam” serem pais, enfrentam a preparação de documentos para adotar, enfrentam os trâmites legais e esperam ansiosamente a chegada dos filhos. Filhos estes que não são parecidos com os pais, seja na cor da pele, conformação óssea e tipo sanguíneo.

Interessante que “ pegam” o jeito, ficam parecidos…

A família adotiva aceita “gerar” filhos crescidos, alguns com dificuldades de saúde e lutam para que a harmonia aconteça, sempre com muito empenho e dedicação.

Vemos filhos que passaram pelo processo adotivo, saíram de uma mal feita família de verdade e entraram na família de mentira e são pessoas dignas, esforçadas e amadas.

Sou muito feliz com minha família de mentira!

Dia Nacional da Adoção: 25 de maio

Maio: mês muito festejado.

Maio é um mês muito festejado ,com datas comemorativas diversas. O nome “Maio” vem do latim “Maius”,mês dedicado à deusa Maia ,filha de Atlas e mãe de Mercúrio.

Maio é mês  que se comemora o Dia das Mães e o Dia Nacional da Adoção. Mês de Maria, mãe de Jesus.

Antigamente era conhecido como o “mês das noivas”. Este costume está em desuso no hemisfério sul. Originou-se no hemisfério norte por ser Maio o mês do auge da primavera com clima gostoso e flores em abundância. Outra  justificativa deste tradição  é talvez por ser a cerimônia tradicional do casamento instituída nesta época do ano (1534-1539).

A comemoração pelo “Dia das Mães “ teve início nos Estados Unidos por volta de 1905 quando Anna Jarvis perdeu sua mãe ,se deprimiu e suas amigas resolveram perpetuar memória dela com homenagens. Anna achou que a festa deveria ser estendida para todas as mães.

O evento notabilizou-se em 19 de maio de 1907 e firmou-se  que seria no segundo domingo desse mês desde 1914. A primeira comemoração no Brasil aconteceu no dia 12 de maio de 1918 em Porto Alegre e ,em 1932, Getúlio Vargas oficializou a data.

A comemoração mais antiga vem da Grécia que festejavam Rhea, a Mãe dos Deuses.

O DIA NACIONAL DA ADOÇÂO é comemorado no dia 25 de maio de cada ano .Esta data foi escolhida por ter nela acontecido o Primeiro  Encontro Nacional de Adoção, hoje denominado de ENAPA. Foi em 1996 na cidade paulista de Rio Claro e transformada em Lei (Lei 10.447 ,de 09 de maio de 2002),institui o dia 25 de maio de cada ano como sendo o “ Dia Nacional da Adoção”.)

Anualmente os GAAs (Grupos de Apoio às Adoções) realizam o ENAPA para que ,além do “ encontro” de seus membros ,se discutam as novidades nas Leis da Adoção e outros temas ligados à infância e adolescência no seu direito de viver em família.

A sede dos ENAPAs variam pelas regiões brasileiras a fim de que todos os Estados possam ,um dia, sediar este grandioso evento que já está na 23ª.edição.(Bonito-MS-2018)

Maio também é a época que se comemora o “ Mês de Maria”. Surgiu na Grécia, mês dedicado à Artemisa ,deusa da fecundidade e em Roma dedicavam à Flora ,deusa da vegetação. A Igreja católica realiza atos diversos para homenagear Maria.

Observamos que o Mês de Maria tem tudo a ver com o Mês da adoção. Maria é Mae, Artemisa representa a fecundidade e a adoção é a fecundidade afetiva e emocional.

Cada GAA comemora de uma forma a data nacional. Alguns realizam caminhadas, outros eventos diversos como o objetivo de divulgar a ADOÇÂO e com isso despertar nas pessoas a possibilidade de realizar uma adoção.

A Adoção de Crianças com Necessidades Especiais

Adocao Segura - Help

“Ame. Pois o amor é fundamental. Tenha sempre alguém ao seu lado no caminho, pois como dizia o poeta: ”É impossível ser feliz sozinho”.

Anônimo.

Na adoção de  crianças com necessidades especiais há necessidade de um ambiente familiar afetuoso, preparado para receber esta criança que precisa de ajuda para se desenvolver.

Os pais devem estar cientes de seus limites ( como adultos que são) e conscientes que terão que oferecer cuidados diferenciados, pois são crianças com problemas neurológicos e emocionais ou ainda com distúrbios de aprendizagem. São crianças soropositivas, com síndromes, problemas auditivos, motores, visuais, problemas ortopédicos, cardiopatias, sequelas de sífilis, de maus tratos além de desnutrição. Exigem cuidados permanentes, cirurgia, medicação, enfim investimentos de toda natureza. É um grande desafio!

Estes pais precisarão aprender muito sobre a dificuldade do filho, seja nos aspectos de tratamentos  como no comportamento que deverão ter com a criança. Muitos precisarão de fisioterapia especial, estimulações diversas e ainda lutar com dois preconceitos: adoção  e deficiência.

A criança com Síndrome de Down tem consciência que é diferente. É importante que os pais expliquem o que é isso e mostre a ela que todas as pessoas tem diferenças e particularidades .

Neste caso em especial, será preciso praticar atividades que desenvolvam coordenação motora, equilíbrio, postura, orientação espacial e ritmo. Quanto mais cedo  se iniciar um trabalho para o desenvolvimento, melhor será.

Atualmente existem programas escolares onde se pratica a “inclusão” dando oportunidade de entrosamento e a convivência com a diversidade.

O jovem especial o será em algumas áreas. O corpo é igual ao de todos. Se tem uma deficiência mental não a terá na sexual. Deverá ser orientado neste sentido.

Estas adoções são chamadas “adoções necessárias” e se realizam por pessoas que percebem “a criança com necessidade” como uma oportunidade de se doarem e se realizam com os lentos progressos do filho,  uma conquista diária. Terão que lutar muito contra os preconceitos, a falta de recursos e os obstáculos que surgirem.Com dedicação algumas deficiências melhoram e até  se tornam reversíveis.( depende de cada caso).

A boa parte destas crianças são vencedoras , pois com o apoio dos pais e o amor conseguem recuperação. Já vimos, pessoalmente, crianças soropositivas (portadora de HIV) que negativaram, isto é, se recuperaram , deficiente visual que ocupa cargo em empresa de grande porte como tradutora por dominar vários idiomas e outras com problemas neurológicos severos que certamente iriam ao óbito, estarem bem graças à dedicação dos pais.

Quando as crianças soropositivas se têm pais, eles estão também doentes. “Nada se compara a uma criança abandonada pelos seus pais, que morreram contaminados pelos vírus da AIDS e deixaram para outras pessoas a tarefa de cuidar deste pequeno ser” SANTOS (1996-p. 73).

No atual momento existem muitas crianças portadoras de HIV. Os pretendentes deverão ser informados da situação pois haverá um investimento emocional e se não houver consciência dos pais poderá ocorrer rejeição e novo abandono. Contudo, nos casos em que este tipo de adoção acontece adequadamente, percebemos que os pais realmente decidiram e se disponibilizaram a cuidarem do filho especial, embora saibam que o futuro poderá ser difícil. Este gesto contribui para tornar a vida da criança mais feliz e emocionalmente saudável, além de conviver com o preconceito social frente aos portadores desta doença.

Convém lembrar que muitas pessoas em perfeito estado de saúde física e mental poderão se transformar em especiais  devido circunstâncias de vida como acidentes, contágio por HIV, cirurgias, uso de álcool, drogas entre outras causas.

Nas paraolimpíadas , vemos pessoas  com vários tipos de dificuldades disputando várias modalidades de esportes. Vemos atualmente pessoas em cadeiras de rodas participando de números artísticos no teatro,  balé  e trabalhando com informática mesmo sem visão .

Utilizo uma frase de HAMAD (2002, p 141), sobre a criança portadora de necessidades especiais, que considero muito verdadeira e ao mesmo tempo muito difícil de compreendermos: “Acolher uma tal criança consiste em reconhecê-la como sujeito tanto do desejo de alguém que a aceita como ela é quanto em seu desejo de criança que aceitou o risco de viver nas condições difíceis que são as suas”.

Ele prossegue ( p 142)-“A adoção de crianças com particularidades exige muita disponibilidade, muito trabalho e muita confiança, mas essa confiança, quando é concedida ao sujeito que está chegando, se constrói no dia-a-dia em função do vivido dos parceiros envolvidos pela adoção, não em função de um projeto que se considera absolutamente viável “.

São palavras de SCHUEPP (in FREIRE, 1994, p.227) : “A realidade nos ensina que essas adoções , desejáveis e possíveis, estão praticamente reservadas a famílias que dispunham de estrutura financeira, emocional e moral privilegiada. O meio cultural em que a família adotiva vive com seu filho deficiente, é fator importante. Parentes, vizinhos, o próprio sistema educacional e religioso, ou contribui ou dificulta o desenvolvimento dos laços paternais, com o filho adotado, ao ponto de tornar, em certos casos, impossível a adoção”. 

DEPOIMENTO

 

Eu, Maria  e meu marido, já próximos dos 50 anos, com três filhos criados e credenciados a condição de avós, fomos surpreendidos por um especial acontecimento Como um facho de luz que surge de repente, entra em nossas vidas um cidadão exigindo imediata atenção, cuidados, e principalmente necessitado de muito amor. Em nenhum momento houve qualquer dúvida de que este fazia parte de nossas vidas. Iniciava-se uma experiência maravilhosa, sermos pais de uma criança especial, e, como em outros casos, também  mostrar a sociedade que, embora todas as dificuldades que envolvem um pequeno ser, comprometido pelo vírus HIV / AIDS, nada impede que a esperança, unida a todos os cuidados específicos permitam o milagre da sobrevivência.

Nosso filho é portador do vírus HIV, mas temos a convicção de que, nosso amor, aliado aos cuidados da medicina moderna, permitirá seu crescimento saudável e seu ingresso na sociedade com equilíbrio. Hoje, com nove anos, F…. é inteligente, educado e feliz, nos passando a certeza de um futuro brilhante, pois, para nossa família, foi e sempre será nossa “Alegria de Viver”.

                  Maria

Grupo de Apoio à Adoção. (GAA)

Os Grupos de Apoio às Adoções, simplesmente GAAs , são formados pela maioria, por pais adotivos  que se voluntariam com a motivação de estimular o conhecimento de uma cultura adotiva positiva e livre de preconceitos.

Ao divulgar informações sobre a vida adotiva, seja pelo lado dos pais como a dos filhos, estão gerando conhecimentos e possibilidades fazendo a sociedade entender que a convivência familiar irá gerar indivíduos mentalmente saudáveis.

Os GAAs orientam, preparam os pretendentes à adoção, trocam experiências e estudam também. Promovem reuniões, depoimentos, palestras, encontros e se reciclam anualmente nos ENAPAs, que é o encontro nacional dos grupos realizado em vários pontos do país.

Quem desejar fundar um GAA poderá obter auxílio na ANGAAD que é o representante oficial dos GAAs .

Passamos a seguir o passo-a-passo para fundar um grupo de apoio. Basta seguir as “ instruções normativas” e documentação necessário.

Baixe as INSTRUÇÕES NORMATIVAS PARA OS GRUPOS DE APOIO À
ADOÇÃO clicando aqui <-

Sexualidade do Filho Adotivo

Se o filho chegou bebê, bem novinho ele estará na fase oral de sua sexualidade: fase em que a boca é o centro de tudo. Mamadeira, mamas da mãe (a mãe adotiva pode, sim, amamentar), leva tudo à boca, lambe, testa o mundo pelos lábios.

A criança depois de 2-3 anos entra na fase anal-descobre que produz algo, que sempre fez, mas não tinha conscientização disso. Será importante receber seus resíduos sem mostrar nojo, reprimir ou castigar. As idades mencionadas não são rígidas, cada criança terá sua maturidade diferenciada.

A seguir vem a fase fálica, ou seja, a descoberta de seus genitais. O menino “ainda” hoje é valorizado por certos pais por possuírem órgão visível e a menina sente que nela falta algo.

Convem salientar que os tecidos que formam o menino e a menina tem a mesma origem. Os lábios vulvares correspondem ao saco escrotal e o clitóris ao pênis.

Com a puberdade virão as transformações provocadas pelos hormônios. Os jovens gostam ou não gostam do que acontece: pelos púbicos, axilas, mamas e crescimento do genital masculino. Alguns se sentem felizes com a fase, outros se envergonham.

E os adotivos?

Tudo igual. Os menores irão recebendo explicações dos pais, os maiores virão com muita coisa esclarecida ou deformada.

O toque na pele, o abraço será apreciado ou rejeitado, dependendo do seu passado vivido.

Se aconteceu violência física ou sexual será preciso entender seu medo do outro, têm medo de se despir, ser ajudado no banho.

Importante ir, vagarosamente entendendo seu filho (a). Passar confiança e amor.Dialogar,buscar ajuda se preciso for.

Regressão.

A criança ou adolescente poderá regredir para renascer na nova família e ali viver as fases não vividas. Poderá voltar à fase oral , pedir para mamar na mãe. Explicar que não é possível, oferecer mamadeira, brincar de tornar-se bebê.

Com a fase anal poderá acontecer a evacuação,xixi na roupa ou na cama. Masturbação, pois sente prazer e é uma forma de mostrar insegurança (Até adultos nervosos diante de uma situação buscam o WC).

Há casos em que assaltantes em residências deixam fezes (seu produto) nas casas como forma de “pagar” pelos danos causados.

Sexualidade

-é fundamental para o bem estar das pessoas.

  • As perguntas das crianças sobre sexualidade deveriam ser ouvidas, investigadas e respondidas dentro dos limites do seu interesse.
  • As curiosidades e dúvidas sexuais das crianças, quando atendidas, contribuem para um desenvolvimento afetivo e intelectual mais harmônico.
  • Há vários jogos e brincadeiras sexuais entre as crianças que fazem parte da curiosidade e do desenvolvimento da sexualidade infantil.
  • As crianças deveriam ter a possibilidade de conversar com seus pais ou outras pessoas de sua confiança a respeito da sexualidade.
  • A ausência da resposta sobre questões sexuais gera angústia e inquietação nos jovens.
  • A repressão da curiosidade sexual pode ter repercussões na aprendizagem e no desenvolvimento emocional.

É na família que se forma o núcleo do desenvolvimento cultural dos filhos e as bases das atitudes sexuais. Ali receberá noções de como construir sua vida e como expressar sua sexualidade.

Criança.

  • É curiosa sobre o assunto;
  • Sua personalidade se forma nos primeiros anos;
  • Se quer saber é porque tem interesse;
  • Responder de forma adequada ao seu limite de idade e compreensão.
  • Erotismo presente

A criança precisa aprender:

  • Decidir e escolher;
  • Perceber situações;

Aprofundando conhecimentos.

Sexualidade é uma conduta adquirida, de base biológica, com sua fonte instintiva expressa de acordo com o desenvolvimento e normalidade psicossexual com parâmetros socioculturais do lugar e época em que vivemos.

Tem caráter modificável, plástico, permutante. Envolve personalidade, maturidade física e psíquica além da formação do indivíduo. É uma marca humana vivenciada a partir dos desejos e escolhas afetivas psicossociais.

Sexualidade é uma energia que nos encaminha para o amor, ternura, contato, integração. Influencia nossos sentimentos, emoções e ações, a saúde física e mental. É um processo presente em todas as fases da vida. Envolve comportamentos e varia com as diferentes culturas e épocas.

“A sexualidade é um componente fundamental da personalidade humana, um modo de ser e de se manifestar, de se comunicar com os outros, de sentir e expressar o amor humano” (carta encíclica).

 Sexo é um sentimento de como um indivíduo se percebe, é uma ENERGIA positiva. É sentir-se homem ou mulher, por dentro, independente dos órgãos genitais. Palavra hoje usada para indicar relacionamento sexual ou coito.

Construindo nossa sexualidade: a realidade social e cultural onde vivemos, cresce e desenvolve a pessoa através dos agentes socializadores, que originam, condicionam, estimulam ou reprimem determinados tipos de aprendizagem, que possibilitam a construção de uma sexualidade: mais, ou, menos saudável, plena, feliz e prazerosa.

Sexualidade ideal.

  • É aceita como energia;
  • Defende a Educação Sexual;
  • Percebe a vivência evolutiva;
  • Entende a liberdade como valor assumido;
  • Integra-se na totalidade da pessoa;
  • Encontra-se nos projetos de vida;
  • Pode ser sublimada;
  • Está integrada na maturidade.

Educação sexual.

  • Aprendizagem informal pelo qual se toma conhecimento da sexualidade ao longo da vida.
  • É educar uma criança para ser homem ou mulher.
  • Conjunto de informações práticas e valores, habilidades, significações e expressões de sexualidade em sociedade.

Educação Sexual-Preparação da nova geração para que se torne um homem novo, mais capaz física e mentalmente, mais saudável, mais feliz e com maior alegria de viver.

Ética para educar

  • Respeito pela verdade;
  • Respeito pela igualdade e dignidade;
  • Reconhecimento do direito de livre-arbítrio
  • Direito de cada um seguir seu caminho.

Como educar:

  • Sincera, verdadeira, integral;
  • Clara, científica, simples;
  • Natural, segura, delicada;
  • Realista, respeitosa, completa;
  • Variada, ampla, objetiva;
  • Afetuosa, tranquila, serena;
  • Prudente, sem falsos medos;
  • Sem fingimentos ou deformações.

Meios para educar

  • Comunicação não verbal;
  • Diálogos, bate-papos;

Recursos:

  • Revistas, livros, artigos;

Informações por estranhos

A criança ou adolescentes e até adultos recebem fragmentos informativos, cometem erros de interpretação. Haverá lacunas, medos incompreensão, sem vínculos afetivos, sem cumplicidade e com linguagem inadequada, passando a ideia que é assunto proibido em casa.

Outras dificuldades

  • Influência dos meios de comunicação;
  • Conceito de pecado;
  • Desencontro com Igreja;
  • Material pornográfico disponível;
  • Preferência pela linguagem chula;
  • Dupla moral na educação homem x mulher;
  • Desencontro da linguagem escolar x domiciliar;
  • Interpretação errônea dos conceitos básicos;
  • Pais culpando a escola por tudo que acontecer de errado com seus filhos;

-Pais

  1. Acham que a criança é assexuada, são despreparados, omissos, deixando como obrigação da escola que muitas vezes não sabem como fazer;
  2. Preocupados com o profissional que orientará;
  3. Religião, vergonha, nível social;
  4. Não ficar puxando o assunto, deixe a criança perguntar ou, se a criança não pergunta criar situações para ver o seu interesse.
  5. Responder a verdade;
  6. Não esticar as explicações;
  7. Seja adequado a maturidade da criança
  8. Use vocabulário entendível.
  9. Dificuldade dos pais será maior se não iniciar cedo.

Etapas da Aprendizagem.

  1. Ingenuidade-nem sabe que não sabe. Não sente falta.
  2. Descoberta-sabe que não sabe. Quer aprender.
  3. Aprendizado-sabe que sabe: tem poder natural sobre quem não sabe. ( no caso dos maiores)
  4. Sabedoria-nem lembra que sabe: o saber está incorporado-age sem pensar-é automático.

Educação Sexual favorece

  • Intercâmbio; entre pais e filhos,
  • Professor e alunos;
  • Favorecendo contato emocional íntimo e maturidade em todos os níveis.

“Um princípio fundamental em Educação Sexual é preferível chegar um ano antes, que um dia depois”.

Conhecimento não é aquilo que você sabe, mas o que você faz com aquilo que sabe”.

(Aldous Huxley)

“O homem, ao final, decide por si mesmo. Em suma, a educação deve ser educação para a capacidade de decidir” (V.Frankl).

Conclusão

Durante minha vida profissional, como professora de Ciências Biológicas me vi envolvida com as perguntas dos alunos. Nos anos 60 os pais pouco conversavam sobre o assunto e os alunos viam na professora uma oportunidade de falar. Por que menstruamos? O que sentimos quando beijamos? O que é permitido durante o namoro? Coisas que hoje são totalmente diferentes embora haja pessoas com dificuldades pessoais. Há uma grande educadora sexual em casa-a televisão e suas novelas que são reprisadas em horário da tarde.

Nos anos 80 e 90 trabalhei com cursos e palestras de Educação Sexual.

Escrevi algumas coisas válidas até hoje. Confira:

Sugestão de meus trabalhos bibliográficos:

  • Convivendo com seu sexo-3 volumes-(crianças, púberes e adolescentes) Ed Paulinas;
  • Sexo: energia presente em casa e na escola-(para pais e professores)-Paulinas;
  • Orientação Sexual: conscientização, necessidade, realidade: Juruá.

Nestes livros poderá ler o assunto mais ampliado, particularmente no segundo, para pais.

 

DEVOLUÇÃO: revivência do abandono, quando o sonho da adoção se transforma em pesadelo. Desesperança, medo, solidão.

Texto de Isabel L F BITTENCOURT-Assistente |Social-São Bento do Sul-SC

“Falar de devolução de crianças é, no mínimo, constrangedor e incômodo. A expressão nos remete à concepção da criança enquanto coisa, objeto. Não é isto que pensamos e desejamos para as nossas crianças, mas, infelizmente, é desta forma que elas são vistas e tratadas quando a sua permanência já não é mais desejada na família. Negar esta realidade ou camuflá-la com termos sutis não nos ajudará a enfrentar essa difícil situação a que estão expostas crianças e adolescentes. Alguns autores fazem uso do termo “restituição” ou “desistência” para substituir a indesejável palavra “devolução”. São apenas formas diferentes de falar de um mesmo problema social. Entendemos ser preciso encarar de frente esta questão – crianças são devolvidas como objeto – e promover ações no sentido de prevenir tais ocorrências”[2].

MOTIVOS DA DEVOLUÇÃO? aceitarmos que existem motivos para se devolver uma criança assumida em adoção é aceitar a própria devolução.

Contudo,  os adotantes enumeram motivos ao devolver uma criança recebida em adoção, são sempre fúteis e todos, indiscutivelmente todos, responsabilizam a criança pelo ato (devolução) praticado por eles, os adultos.

De acordo com Hália Pauliv de Souza[3], entre os comportamentos citados na devolução, está a “desobediência, o vocabulário errado, abrem gavetas, vasculham a casa, pegam objetos, são grosseiros, respondem, comem fora de hora, não sabem usar garfo e faca, choram na hora do banho, não querem pentear o cabelo, têm atraso escolar”. Ou então, os adotandos apresentam algum comportamento regressivo ou de teste, próprio da fase de adaptação à nova família. O que era pra ser amor e doação se transforma em cobrança e rejeição. 

 

Processo jurídico x Processo afetivo: distantes do processo legal, a criança acredita ter ganho uma nova família.

As crianças, ao serem apresentadas aos adotantes, projetam neles a realização do seu sonho de ter uma família e os assumem afetivamente e socialmente na condição de pais. Mesmo os adolescentes, embora mais conscientes do processo legal, desejam muito se tornarem filhos e investem na relação, num misto de medo e esperança. Ao tomarem a decisão da adoção, os adultos prometem, às crianças e adolescentes que levam pra casa, uma família, amor, aconchego e a condição de filhos àqueles que já tinham perdido esse lugar. Cria-se a expectativa de uma vida melhor, de um sonho realizado, dá-se concretude á adoção a partir do envolvimento afetivo e emocional. Longe do processo jurídico, a adoção – entendida a partir do olhar da criança – acontece no imaginário infantil a partir do momento em que é levada para casa e começa a chamar os adotantes de pai e mãe. E assim se colocam os adotantes: no papel de pai e mãe. O tempo da criança é diferente do tempo dos adultos. Para a criança o tempo urge, e o tempo de amar e ser amado é agora. 

A devolução rompe com esse sonho e causa mágoas e dores profundas no ser, pois que, ao retornarem à situação anterior – acolhimento familiar ou institucional – trazem consigo a desesperança, a frustração, o sentimento de menos valia, a culpa pelo fracasso da relação e, consequentemente, fecham-se para uma nova tentativa de colocação familiar. “Não quero correr o risco de ser devolvida de novo”, disse-me uma menina de 9 anos, ao explicar que não queria mais ser adotada. Sua irmã, 7 anos, internalizou a culpa que lhe foi atribuída pelos adotantes: “Eu fazia coisa muito, muito, muito errada”. 

ADOÇÃO É UM ATO VOLUNTÁRIO: ninguém obriga ninguém a adotar. É uma escolha que exige responsabilidade. Não há margens para incertezas, senão a certeza de que será para sempre. 

A retórica de que quem devolve “não estava preparado para a adoção” também precisa ser rebatida. Novamente há uma tentativa de atribuir a outro a responsabilidade pelo ato de quem voluntariamente devolve, da mesma maneira que voluntariamente decide pela adoção. Neste sentido, alude SOUZA[4]:                       

               

“Os pais, enquanto pretendentes, procuram ESPONTANEAMENTE os Fóruns e solicitam sua habilitação para adoção. Adoção é um ato intelectual e VOLUNTÁRIO construído por quem deseja ser pai/mãe. (…) Os pretendentes, futuros pais, passaram por entrevistas, leram o histórico da criança e estavam cientes das possíveis dificuldades. No momento da convivência real, já na casa dos novos pais, essa criança, com o coração repleto de esperança, conheceu a possibilidade de ser filho. (…) Passado um tempo, mas segura, testa o amor que julga receber. Os pais arrependidos… não é o filho idealizado e desejado. Retorno para a instituição de acolhimento” (SOUZA, 2015, p. 65). 

Continua a autora:                                          

 “Existem as surpresas, pretendentes qualificados, mas decepcionam na hora da intimidade com a criança. Muitos pretendentes não se mostram totalmente durante as entrevistas. Passam uma imagem do que não são, talvez levados pelo desejo de se tornarem pais mais rapidamente. Não há possibilidade de “prever” um comportamento na hora da crise entre os adotantes e o adotado. (SOUZA, 2012. p. 80)          

PREPARAÇÃO PARA A ADOÇÃO: envolve questões objetivas e subjetivas. 

O “estar preparado” é da ordem da subjetividade do sujeito e, muitas das vezes, somente após a chegada da criança maior (ou das crianças, no caso de irmãos) que estas questões subjetivas vêm à tona, quando ocorre o choque entre o filho idealizado e o filho real/possível.

BITTENCOURT (2012)[5] aplicou uma pesquisa com pais por adoção de crianças maiores e com profissionais de psicologia que atenderam crianças maiores em processo de adoção. O resultado da pesquisa traz à baila a questão da subjetividade dos pais frente às dores, medos e amarguras trazidos pela criança maior que chega na família.        

 As crianças adotadas maiores, geralmente, chegam marcadas pela dor, desfiguradas pelo desafeto, amarguradas pelo sentimento de menos valia e infligidas em sua integridade física, emocional e psíquica. Nesse contexto negativo, a família adotante aparece como fator de proteção com capacidade para mudar o curso de vida destes sujeitos e construir juntos, com base no afeto e respeito, uma nova história. Contudo, esta família precisa ser afetiva, acolhedora, continente e muito, mas muito paciente. (…) A adoção de criança maior faz ressurgir um emaranhado de sentimentos e pulsações adormecidas, que reaparecem em forma de conflitos e censuras (BITTENCOURT, 2012. P. 32). Em seu trabalho, BITTENCOURT apresenta recortes das entrevistas realizadas com pais por adoção e que confirmam o enunciado: 

 

 As palavras do ENTREVISTADO 4, bem ilustram esse dito: “O filho por adoção (maior) tem o poder de abrir nossas caixas de sentimentos que estavam trancafiadas há séculos e de certa forma confortavelmente esquecidas num lugar qualquer. (…) tudo naquela criança nos remete ao passado e nos obriga a reviver nossas piores experiências, que de tão traumáticas que foram na infância nos fazem repelir qualquer tipo de aproximação dela conosco. Nós projetamos na pobre criança nossos maiores fantasmas”. O ENTREVISTADO 1 tem a mesma sensação de volta ao passado: “A teimosia dela lembra de como eu era teimosa com a minha mãe e isso me incomoda. (BITTENCOURT, 2012, p. 32)                  

Compreende-se do exposto que é comum aos processos de adoção de crianças maiores a existência de conflitos entre adotantes e adotando, de ordem objetiva e subjetiva, pois que se trata de uma relação de mão dupla. Adultos e crianças trazem para a relação a sua própria história de vida. É preciso disponibilidade afetiva e o desejo de querer investir na vinculação, dando um significado diferente para suas histórias.

A psicoterapia é um espaço essencial de escuta para elaboração e ressignificação dos traumas vividos pela criança (e pelos adultos) ao longo de sua vida. E os adotantes precisam estar receptíveis à ideia de buscar ajuda, e não somente para a criança que chega, mas para toda família. SOUZA (2012) acredita que os pais que desistem de um filho (devolvem), buscam solução para seus próprios conflitos, afastando de casa quem desencadeou o desconforto pessoal. Nós vemos no outro aquilo que nos incomoda e que está em desacordo com o estado mental e com nossos valores e crenças.

MARCAS QUE FICAM: ​ As consequências da devolução 

No entendimento de SOUZA (2012), a devolução pode se dar por incapacidade dos adotantes, mas será a criança que terá crises, punindo-se, regredindo no comportamento, isolando-se do meio social com vergonha por ter sido devolvida, sente-se humilhada, desenvolve comportamento hostil ou agressivo, como meio de defesa, atraso no desenvolvimento físico e cognitivo e apresenta grande dificuldade para fazer novas vinculações. Perde seu fio de esperança e por isso tem dificuldade de desenvolver o apego, perde a confiança nos adultos e por isso tem medo de sofrer de novo. 

A devolução destroça a autoimagem da criança, deixando-a insegura quanto ao seu lugar no mundo, à sua identidade e o sentimento de pertença. A devolução a submete a criança à revivência do abandono, com a consequente desesperança no futuro. É nesse cenário que se discute se cabe ou não responsabilização jurídica para os autores desta violência.

RESPONSABILIZAÇÃO JURÍDICA DOS ADOTANTES QUE DEVOLVEM: os danos emocionais, físicos e psíquicos para a criança são indeléveis. Isso é fato.

No meio jurídico este é um tema controverso, ainda são poucas as ações judiciais de responsabilização civil (danos morais) ou criminal (por violência psicológica ou física) de quem devolve em processo de adoção. Contudo, a leitura do art. 186, combinado com o 927 do Código Civil permitem o entendimento da necessária responsabilização jurídica. 

Uma devolução importa, sempre, em violência psicológica, no mínimo, pois o ato é precedido de ameaças, agressões verbais e xingamentos, desprezo, isolamento, constrangimento e atribuição de culpa à criança ou adolescente.  Implica na transgressão do poder/dever de proteção do adulto responsável. E mais, não raras as vezes, são submetidas a castigos imoderados, negligência nos cuidados, tapas e surras, caracterizando situação de maus-tratos psicológicos e físicos, crimes previstos no Código de Processo Penal (arts. 136, 146 e 147) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (art 232).

A Lei 13431/2017 traz a especificação da violência psicológica:

“Art. 4o -Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são formas de violência:

I – …….

II – violência psicológica: 

a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;

b)….”.

A violência psicológica é ainda pouco considerada e punida legalmente, por ser uma violência invisível, sem marcas físicas. No entanto, deixa severas marcas na formação da personalidade e no desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e adolescentes. 

Souza (2012, p. 41), defende que “Os adultos que devolvem uma criança deveriam ser juridicamente responsabilizados por tal ato”, Para a autora, se existe consequências para uma criança devolvida –  incluindo perder a chance de ter uma adoção – também deveria haver para os adultos que o fazem. Toda devolução importa, no mínimo, em prática de violência psicológica contra a criança ou adolescente devolvido. A responsabilização civil e criminal deste ato terá reflexos na sociedade, na medida em que protege a criança e a tira do lugar de “ré” – ela é sempre a culpada – para colocá-la no seu devido lugar, de vítima e de sujeito de direitos. 

O estágio de convivência, previsto legalmente, deve ser entendido do ponto de vista da proteção da criança, de sua centralidade e não o contrário, focado nos adultos/adotantes, como se fosse um período para que pudessem fazer um “test drive”,  ver se gostam ou não, se atende ou não às suas expectativas e idealizações, se é ou não a criança boazinha e obediente. E, ao não atender às necessidades dos adultos, é devolvida como se fosse uma “mercadoria com defeito”.

Eu sei, é frio e doído pensar desta forma, mas é assim que as crianças se sentem ao serem devolvidas. Não foram boas o bastante para serem merecedoras do amor dos adotantes.   

Devolução: Precisamos conversar sobre esta triste realidade… Adoção é ato sério, envolve vidas, sentimentos, sonhos, esperanças, chances, destinos e corações já machucados de crianças e adolescentes. 

REFERÊNCIAS:

[1] Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária.

[2] BITTENCOURT, Isabel L. F. Toda Criança tem direito à uma família legal. Artigo subsídio da Campanha Faça Legal. São Bento do Sul, 2004.

[3] SOUZA, Hália Pauliv. Adoção Tardia: devolução ou desistência de um filho? A necessária preparação para Adoção. Curitiba: Juruá, 2012.

[4] SOUZA, Hália Pauliv de. Pós-adoção: depois que o filho chegar. Curitiba: Juruá, 2015.

[5] BITTENCOURT, Isabel L. F. Adoção de Crianças Maiores: afeto na superação da violência infantil. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). PUC/Curitiba, 2012

Família

Nos dicionários encontramos a definição de família como sendo um conjunto de pessoas aparentadas, que vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.

A família constituída pela adoção é diferente: marido e esposa não são parentes e os filhos que chegam também não. Mas são família!

Papa Francisco diz que “A família é o elemento essencial para todo e qualquer progresso humano e social sustentável”.

Na publicação feita pela CONANDA (p. 108) temos “Família refere-se não apenas ao grupo formado pelos pais ou qualquer um deles e seus dependentes, mas, aos diferentes arranjos familiares resultantes de agregados sociais por relações consanguíneas ou afetivas, ou de subsistência e que assumem a função de cuidar dos mesmos”.

As famílias contemporâneas são formadas por um casal tradicional, ou só pai, ou só mãe, ainda pai-pai ou mãe-mãe, nesses casos por adoção.. O importante será o pertencimento do filho e a construção de sua identidade individual e social. Essas novas configurações familiares rompem com o fator consanguíneo e se estabelecem alianças numa parentalidade afetiva.

A família nuclear mudou. Aquela tradicional que transmitia a vida, o nome patronímico e mantinha um patrimônio se transformou, atualmente vale o sentimento de “pertencer” a uma família. Vemos ainda a grande procura de casais desejando tratamentos revolucionários, fertilizações assistidas, devido à valorização da família consanguínea.

A família é um conjunto de atores que formam um ninho ou um núcleo fundamental da sociedade. O ideal seria que esse grupo fosse capaz de proteger, cuidar, apoiar e desenvolver o potencial de seus filhos, o que nem sempre acontece.

A adoção é feita por três gerações, pais, avós e os menores da família – primos ou futuros irmãos. Os avós inscrevem o neto, a família extensa acolherá se a criança for DESEJADA e não para preencher um ninho vazio. Inserir em toda a rede familiar, sem desvalorizar a origem adotiva ou achar que a criança é intrusa, entendendo que houve ruptura na herança genética, aceitando esse fato tranquilamente.

O grupo familiar é um espaço ideal para a criança aprender, crescer, resolver suas necessidades e receber o nutriente afetivo para ser feliz. É também o lugar onde ocorrem conflitos e se somam incompreensões, se tornando uma referência imperfeita para os filhos.

O mundo atual é violento e ameaçador. Pais passam muito tempo fora de casa e a comunicação entre os membros poderá ter falhas e com isso a dificuldade de formar vínculos acontecerá. Por isso será importante a criação de uma rotina e o plantio de muito amor, carinho e diálogo.

Família é uma escola da vida. Na escola formal (colégio) recebemos informações, aprendizagem, instrução. A educação é alçada na família. Os pais são os primeiros e principais educadores, protetores, socializadores e orientadores.

É um lugar de autoridade, segurança, competições, brigas, oportunidades (boas ou más), onde cada componente tem uma personalidade e uma vibração energética peculiar. Onde seus membros se amparam, se perdoam, se constroem e possuem uma ligação civil permanente.

As famílias são dinâmicas. Sucessivas alterações acontecem e a chegada de um novo membro, seja na família nuclear ou extensa, trará nova formatação. Pode ocorrer mudança de residência, de cidade, novos vizinhos, nova escola, mortes, desemprego, saúde abalada. O maior aliado na vivência familiar é o tempo. Acontecimentos diversos são contínuos.

Os pais atuais são frutos da transição educativa ocorrida nos anos passados. A mulher tem seu trabalho profissional, as crianças vivem cercadas pelos objetos eletrônicos, recebem muita estimulação, desafios e desde muito cedo vão para as creches, escolas, além das atividades extras (estudam uma língua estrangeira, esportes entre outros).

A felicidade familiar está na simplicidade, nos momentos especiais, numa conversa, tudo em pequenas doses diárias. Nada é contínuo. São períodos ocasionais que devem ser aproveitados com tranquilidade. Sorrir. Abraçar. Ter rituais particulares, muito companheirismo e cumplicidade.

Vamos pensar no filho que chega à família pelo processo adotivo. Nessa família irá formar sua nova hereditariedade social ou ambiental. Será o lugar onde deverá superar o abandono sem que esse seja negado. É o lugar de conquistar dignidade.

A família irá transmitir sua cultura, estimular, colocar estímulos vindo pelos pais ou parentes. Uma criança não é adotada por uma ou duas pessoas, mas por uma família toda. O filho será plasmado pelos familiares e ali será inscrito na linhagem ascendente e descendente.

A criança que chega, se maiorzinha, conhece o jeito de sua família de origem e acha que todas são iguais: não confia de imediato, por isso irá testar. Passa por uma instituição de acolhimento, se apega aos cuidadores e pensa que foi “arrancada” de onde já estava acostumada. Vive construindo e desconstruindo sua vida, seus sentimentos e seus vínculos. Alguns cuidadores se afeiçoam às crianças e se entristecem com a sua saída, pois assumem seus cuidados e dedicam carinho.

Para que haja sucesso no relacionamento familiar, entre os pais e os filhos, será necessário:

  • Que esses pais vivam bem, sejam companheiros e cúmplices na sua vida conjugal;
  • Que usem a mesma linguagem na comunicação com os filhos. Um diz sim outro diz não e a criança fica confusa. Entrem num acordo antes;
  • Sejam claros e afetivos;
  • Disponham de uma presença familiar de qualidade;
  • Brinquem com os filhos pequenos, conversem com os maiores;
  • Usem do diálogo franco e amistoso;
  • Aproveitem a criança enquanto ela é criança. O tempo passa, eles crescem e deverão seguir suas vidas tal qual os pais fizeram.
  • Boa Sorte!

Nos dicionários encontramos a definição de família como sendo um conjunto de pessoas aparentadas, que vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.

A família constituída pela adoção é diferente: marido e esposa não são parentes e os filhos que chegam também não. Mas são família!

Papa Francisco diz que “A família é o elemento essencial para todo e qualquer progresso humano e social sustentável”.

Na publicação feita pela CONANDA (p. 108) temos “Família refere-se não apenas ao grupo formado pelos pais ou qualquer um deles e seus dependentes, mas, aos diferentes arranjos familiares resultantes de agregados sociais por relações consanguíneas ou afetivas, ou de subsistência e que assumem a função de cuidar dos mesmos”.

As famílias contemporâneas são formadas por um casal tradicional, ou só pai, ou só mãe, ainda pai-pai ou mãe-mãe, nesses casos por adoção.. O importante será o pertencimento do filho e a construção de sua identidade individual e social. Essas novas configurações familiares rompem com o fator consanguíneo e se estabelecem alianças numa parentalidade afetiva.

A família nuclear mudou. Aquela tradicional que transmitia a vida, o nome patronímico e mantinha um patrimônio se transformou, atualmente vale o sentimento de “pertencer” a uma família. Vemos ainda a grande procura de casais desejando tratamentos revolucionários, fertilizações assistidas, devido à valorização da família consanguínea.

A família é um conjunto de atores que formam um ninho ou um núcleo fundamental da sociedade. O ideal seria que esse grupo fosse capaz de proteger, cuidar, apoiar e desenvolver o potencial de seus filhos, o que nem sempre acontece.

A adoção é feita por três gerações, pais, avós e os menores da família – primos ou futuros irmãos. Os avós inscrevem o neto, a família extensa acolherá se a criança for DESEJADA e não para preencher um ninho vazio. Inserir em toda a rede familiar, sem desvalorizar a origem adotiva ou achar que a criança é intrusa, entendendo que houve ruptura na herança genética, aceitando esse fato tranquilamente.

O grupo familiar é um espaço ideal para a criança aprender, crescer, resolver suas necessidades e receber o nutriente afetivo para ser feliz. É também o lugar onde ocorrem conflitos e se somam incompreensões, se tornando uma referência imperfeita para os filhos.

O mundo atual é violento e ameaçador. Pais passam muito tempo fora de casa e a comunicação entre os membros poderá ter falhas e com isso a dificuldade de formar vínculos acontecerá. Por isso será importante a criação de uma rotina e o plantio de muito amor, carinho e diálogo.

Família é uma escola da vida. Na escola formal (colégio) recebemos informações, aprendizagem, instrução. A educação é alçada na família. Os pais são os primeiros e principais educadores, protetores, socializadores e orientadores.

É um lugar de autoridade, segurança, competições, brigas, oportunidades (boas ou más), onde cada componente tem uma personalidade e uma vibração energética peculiar. Onde seus membros se amparam, se perdoam, se constroem e possuem uma ligação civil permanente.

As famílias são dinâmicas. Sucessivas alterações acontecem e a chegada de um novo membro, seja na família nuclear ou extensa, trará nova formatação. Pode ocorrer mudança de residência, de cidade, novos vizinhos, nova escola, mortes, desemprego, saúde abalada. O maior aliado na vivência familiar é o tempo. Acontecimentos diversos são contínuos.

Os pais atuais são frutos da transição educativa ocorrida nos anos passados. A mulher tem seu trabalho profissional, as crianças vivem cercadas pelos objetos eletrônicos, recebem muita estimulação, desafios e desde muito cedo vão para as creches, escolas, além das atividades extras (estudam uma língua estrangeira, esportes entre outros).

A felicidade familiar está na simplicidade, nos momentos especiais, numa conversa, tudo em pequenas doses diárias. Nada é contínuo. São períodos ocasionais que devem ser aproveitados com tranquilidade. Sorrir. Abraçar. Ter rituais particulares, muito companheirismo e cumplicidade.

Vamos pensar no filho que chega à família pelo processo adotivo. Nessa família irá formar sua nova hereditariedade social ou ambiental. Será o lugar onde deverá superar o abandono sem que esse seja negado. É o lugar de conquistar dignidade.

A família irá transmitir sua cultura, estimular, colocar estímulos vindo pelos pais ou parentes. Uma criança não é adotada por uma ou duas pessoas, mas por uma família toda. O filho será plasmado pelos familiares e ali será inscrito na linhagem ascendente e descendente.

A criança que chega, se maiorzinha, conhece o jeito de sua família de origem e acha que todas são iguais: não confia de imediato, por isso irá testar. Passa por uma instituição de acolhimento, se apega aos cuidadores e pensa que foi “arrancada” de onde já estava acostumada. Vive construindo e desconstruindo sua vida, seus sentimentos e seus vínculos. Alguns cuidadores se afeiçoam às crianças e se entristecem com a sua saída, pois assumem seus cuidados e dedicam carinho.

Para que haja sucesso no relacionamento familiar, entre os pais e os filhos, será necessário:

  • Que esses pais vivam bem, sejam companheiros e cúmplices na sua vida conjugal;
  • Que usem a mesma linguagem na comunicação com os filhos. Um diz sim outro diz não e a criança fica confusa. Entrem num acordo antes;
  • Sejam claros e afetivos;
  • Disponham de uma presença familiar de qualidade;
  • Brinquem com os filhos pequenos, conversem com os maiores;
  • Usem do diálogo franco e amistoso;
  • Aproveitem a criança enquanto ela é criança. O tempo passa, eles crescem e deverão seguir suas vidas tal qual os pais fizeram.
  • Boa Sorte!

FONTE: Conanda-CNAS. (2009). Orientações Técnicas – Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes. Brasília.

A IMPORTÂNCIA DA FREQUÊNCIA AOS GRUPOS DE PREPARAÇÃO

No primeiro encontro “obrigatório” dos pretendentes junto ao Grupo de Apoio à adoção nota-se que alguns chegam meio contrariados, engessados, até reclamando. Dizem que pais biológicos, mesmo sendo dependentes químicos, moradores de rua, casais muito jovens não precisam de curso. Outros chegam alegres entendendo que será “um dia a menos” na espera.

Por que os que irão adotar devem passar por um curso ou grupo de preparação? Porque é uma gestação diferente, com pessoas que já levam a vida a dois por anos (ou solteiros independentes) e haverá significativas mudanças em suas vidas. Deverão construir uma parentalidade num momento, muitas vezes “num ciclo vital adiantado” e deverão refletir muitos nas mudanças que irão enfrentar.

Durante a frequência na preparação para adoção, os pretendentes irão entender o motivo da demora da chegada do filho, conforme vemos em TJMS (p. 33):

 

A demora é diretamente proporcional ao menor ou maior grau de aceitação da família quanto às características da criança. Quando surge a criança disponível para adoção, se ela não coincide com as características preferidas pelos adotantes inscritos em primeiro lugar, eles nem serão consultados e a criança será logo proposta ao pretendente da lista que tenha indicado as características dessa criança, que poderá ser o segundo, ou o quarto, ou o quinto até o último da lista.

 

A frequência nos Grupos de Preparação é importante porque:

  1. Será um momento especial para avaliarem seus limites e potencialidades para adoção;
  2. A preparação serve para “fortalecer” sua decisão de receber um filho por um caminho singular;
  3. Fará o pretendente entender que o filho precisará ter um espaço psicológico para se “reconstruir“ na vida ao lado destes pais;
  4. Saber que irão aparecer semelhanças e diferenças entre pais e o filho. E mesmo assim continuará sendo seu filho;
  5. Lembrar que, no momento oportuno, serão chamados de pai e mãe, mas para isso deverão sentir-se realmente pais;
  6. Outra questão será a avaliação do seu estilo de vida, sua estrutura, seja familiar, psicológica e profissional;
  7. Saberá da importância do casal (ou solteiro) estar desejando a adoção. Será uma decisão para toda vida. No caso do casal, se apenas um deseja e outro apenas concorda não dará certo;
  8. É o momento do “pré-natal psicológico”, sem exames, mas com estímulos e orientações para enfrentar está época repleta de ansiedade , dúvidas e expectativas;
  9. É importante também conversar sobre dificuldades que possam surgir. Os maiores entraves sempre partem dos adultos: conflitos dos pretendentes;
  10. Para informar que este filho terá desenvolvido “laços afetivos” com as pessoas com as quais conviveu na instituição. Terá saudades e poderá desejar fazer visitas;
  11. Durante a preparação será lembrado aos pretendentes a importância de colocar a família extensa no seu projeto adotivo;
  12. A abordagem dos prováveis e mais comuns conflitos, dúvidas, medos e interrogações formuladas pelos pretendentes que terão este momento especial para esclarecê-los;
  13. Serão lembrados que as crianças se desenvolvem, crescem e todos, pais consanguíneos ou adotivos devem assumir o risco que acompanha as transformações nos infantes;
  14. Durante a preparação nos grupos poderá despertar o desejo de ampliar a faixa etária do filho que esperam. Se tornam mais flexíveis e receptivos;
  15. Se conscientizarão que não irão receber um filho “parecido com eles”. Virá com história de vida, com outra carga genética e também possuem expectativas em relação aos novos pais e familiares;
  16. Poderão analisar se podem assumir uma família maior adotando grupo de irmãos;
  17. As crianças especiais também desejam ter família, querem ser filhos;
  18. Será a hora de preparar o acolhimento do filho. Futuros pais devem amadurecer, pensar no compromisso que terão entendendo que a chegada do filho trará uma nova dinâmica para todos familiares;
  19. Nos grupos ouvirão “depoimentos” dos que já adotaram e ouvirão histórias das alegrias e como estes pais venceram as dificuldades encontradas;
  20. Entenderão que a demora faz parte do processo e que cada dia que passa “será um dia a menos” para a chegada do filho;
  21. Refletir muito sobre o enfrentamento que terá com os comentários (positivos e negativos), os preconceitos e a discriminação;
  22. O maior desafio dos adotantes será o de se deixar apaixonar pelo filho e de descobrir como fazer o filho se apaixonar pela nova família, como cativá-lo e acolhê-lo. Sem isso a adoção não existirá;
  23. Receberá estímulos para resistir a tentação de abandonar tudo e reforçar o que deseja;
  24. Os ditos populares dizem que quando uma porta se fecha ainda pode se pular uma janela. Quando um sonho se desfaz, Deus os reconstrói por outros caminhos;
  25. Analisar seu perfil pessoal. Por que desejo uma criança com esta ou aquela idade? Que significados isso representa?
  26. Adotar é formar a família de forma peculiar. Aceitar esta missão de construtores de vidas.

Quando o Grupo de Reflexão finaliza a preparação espera-se que os pretendentes tenham percebido a importância desta reflexão e que assumam o compromisso da adoção com muita responsabilidade. Que seja uma adoção consciente!

 

Fonte—“ Adoção e a preparação dos pretendentes”-Hália Pauliv de Souza e Renata P.S.Casanova-Ed Juruá-pág 39